A dupla russa t.A.T.u. marcou a história da música pop mundial. Entre 1999 e 2011, Lena Katina e Yulia Volkova cantaram sobre o relacionamento lésbico entre as duas que, anos depois, foi revelado ser apenas parte do marketing da dupla.
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O romance fake das duas rendeu seis álbuns e uma vendagem de 10 milhões de cópias ao redor do mundo e as cenas quentes dos clipes de “Not gonna get us” e “All the things she said” ficaram marcados na memória dos fãs. Mesmo após o fim da dupla, as músicas sobre o relacionamento falso continuou a fazer parte do repertório cantado por Katina em sua carreira solo.
Em entrevista ao G1, em 2019, a cantora disse que as canções foram e continuam sendo importantes para a comunidade LGBTQIA+. Katina disse que as canções do t.A.T.u. ajudaram muitas pessoas a se aceitarem, independentemente da orientação sexual.
“Não importa se sou hétero. As letras têm um sentido e as pessoas amam o que elas significam. Eu estou cantando essas mesmas músicas por 20 anos e pretendo cantá-las por muitos mais. Elas foram uma ajuda para tirar pessoas do armário e se aceitarem como são. Elas não queriam se sentir sozinhas. Ser gay não é uma doença, é outro jeito de viver. Não podemos escolher quem amamos. Amor é amor”, disse.
Polêmica com homofobia e política
O posicionamento de Katina é bem diferente das declarações de cunho homofóbico já dadas pela sua colega Yulia Volkova. Ambas as cantoras são heterossexuais, mas a Volkova chegou a dizer, em uma entrevista para a televisão em 2014, que não aceitaria um filho gay.
“Deus criou o homem para procriar… É a natureza. O homem para mim é apoio e força, eu não aceitaria um filho gay”, declarou Volkova. A cantora disse ainda que condenava homens gays, mas não pensava o mesmo das mulheres lésbicas.
Um homem não tem direito de ser bicha. Duas garotas juntas não é a mesma coisa que dois homens juntos. Parece-me que as lésbicas são esteticamente mais agradáveis do que dois homens de mãos dadas e se beijando.Yulia Volkova
Apesar do posicionamento polêmico, Volkova alegou que não era homofóbica. “Eu quero dizer que não sou contra os gays, apenas quero que meu filho seja um homem de verdade”, concluiu.
Em 2021, Yulia anunciou em suas redes sociais que iria concorrer para se tornar deputada na Rússia, com apoio do partido do presidente Vladimir Putin, o Rússia Unida. A cantora chegou a publicar uma foto em seu Instagram no escritório do partido, mas a postagem foi deletada posteriormente. A foto, entretanto, pode ser encontrada facilmente na internet.
Volkova declarou seu apoio ao presidente Putin e insistiu que os adversários políticos dele “não nos alcançarão”, após ela prometer a sua lealdade ao partido do governante russo. No entanto, a artista acabou não seguindo em frente com os planos e não concorreu nas eleições, que aconteceu no último mês de setembro.
Desentendimentos ideológicos entre a dupla
Os fãs das cantoras sempre tiveram esperanças de um retorno da dupla aos palcos, juntas. Em 2019, durante passagem para shows solo no Brasil, Katina revelou que tentou se reunir com sua antiga colega, mas que elas tinham suas diferenças e o retorno da dupla não deu certo.
À época das polêmicas declarações homofóbicas de Volkova, Katina rebateu os comentários da colega. "Tudo o que posso dizer é: Deus está nos ensinando a viver com amor, a ser tolerantes e a não julgar as outras pessoas. Amor é amor, e é um sentimento maravilhoso. Acho que todo mundo é livre para amar quem quiser”, disse em uma publicação no Facebook.
Em entrevista ao G1, Katina declarou sobre o possível retorno da dupla: “Ela tem a vida dela, eu tenho a minha. O t.A.T.u. foi demais, enorme. Enquanto estávamos juntas, funcionou. Mas seguimos em frente e amo estar sozinha. Temos nossas diferenças, pensamos bem diferente mesmo. Até ensaiamos para voltar uma vez, mas não deu certo”, finalizou.