Se tocar para as maiores autoridades do mundo é um sonho para músicos renomados, imagine para jovens que nasceram em um dos bairros mais violentos e pobres do Recife. O único obstáculo entre os integrantes da Orquestra Criança Cidadã (OCC) e a participação no evento comemorativo aos 70 anos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em Nova Iorque, é a falta de recursos. Uma campanha de financiamento coletivo foi criada em setembro para arrecadar R$ 145 mil em prol da viagem, mas chegou ao fim nessa sexta-feira (4) com R$ 1.510. A apenas um mês do grande dia, a diretoria do projeto busca ajuda de empresas e instituições públicas para levar 50 jovens ao plenário da ONU em 12 de dezembro.
Leia Também
- Marcelo Calero, ministro da Cultura, visita Orquestra Criança Cidadã
- Ex-integrante da Orquestra Criança Cidadã que tocou para o papa é assassinado por amigo de infância no Coque
- Tráfico de drogas pode ter matado ex-aluno da Orquestra Criança Cidadã
- Ex-aluno da Orquestra Criança Cidadã será sepultado em Santo Amaro
- Homenagens marcam sepultamento de jovem violinista da Orquestra Criança Cidadã, assassinado na última segunda
- Orquestra Criança Cidadã comemora dez anos durante concerto no Recife
- Orquestra Criança Cidadã promove campanha para financiar viagem a Nova Iorque
- Saiba como ajudar a Orquestra Criança Cidadã a tocar em Nova Iorque
- Orquestra Criança Cidadã toca clássicos musicais na Caixa Cultural
“Estamos lutando para que a orquestra não perca esta oportunidade. Não sabemos se irá existir outro convite como este para nós em toda a vida do projeto. Não podemos desperdiçar”, afirma o juiz João Targino, idealizador e coordenador-geral da orquestra. Segundo ele, deixar integrantes pra trás não é uma opção. “Não podemos chegar lá com um grupo apequenado. O plenário da ONU é um espaço gigante. Quando a orquestra se apresenta, ela honra as tradições de Pernambuco e mostra o valor do projeto. Não podemos aparecer com 15 pessoas. Ou agimos com o mínimo de dignidade ou não agimos.”
A diretoria corre agora contra o relógio atrás de parcerias. De acordo com Targino, uma emenda parlamentar garantiu repasse para custear algumas passagens, mas a medida está longe do necessário para levar os 50 jovens aos Estados Unidos. Por esse motivo, toda ajuda é bem-vinda. Depósitos ou transferências bancárias podem ser feitas através de uma conta-corrente do Banco do Brasil (agencia 3249-2, conta 300000-1).
VATICANO
Este não é o primeiro reconhecimento internacional que a OCC recebe. Com 10 anos de história, a orquestra já tocou para o papa Francisco, no Vaticano, em 2014. Foi a primeira vez que um projeto sociomusical brasileiro se apresentou para um papa.
Para João Targino, a apresentação em terras americanas é ainda mais importante. “Serão 30 minutos de participação, divididos ao longo do evento. Nossos alunos pronunciarão frases em inglês ao lado de crianças africanas e de refugiados sírios. É uma visibilidade maior do que a apresentação para o papa”, defende.
Atualmente, 330 jovens da comunidade do Coque, na área central do Recife, e de Ipojuca, na Região Metropolitana, são beneficiados. Os alunos recebem gratuitamente aulas de instrumentos de cordas, sopro e percussão, luteria e arqueteria e teoria musical. As crianças e jovens de 4 a 21 anos participantes do projeto são acompanhadas por médicos, psicólogos e dentistas e contam com aulas de reforço escolar, além de concorrerem a bolsas de estudos e intercâmbios em países da Europa.