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Romero Ferro quer modernizar o frevo e torná-lo pop com 'Frevália'

Cantor comanda série de shows gratuitos que pretendem mostrar a face pop do gênero e apresentar novos compositores e novos arranjos

GG ALBUQUERQUE
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GG ALBUQUERQUE
Publicado em 30/04/2017 às 13:38
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Cantor comanda série de shows gratuitos que pretendem mostrar a face pop do gênero e apresentar novos compositores e novos arranjos - FOTO: Foto: Divulgação
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Quando foi a última vez que você ouviu frevo? Para a maioria das pessoas a resposta é desde Carnaval, há dois meses. E quando foi que você ouviu um frevo novo, além dos eternos Vassourinhas, Cabelo de Fogo e Evocação? Aí é que pouca gente sabe mesmo. Mas é esse quadro que o cantor e compositor Romero Ferro pretende desfazer gradualmente com Frevália, show que apresenta hoje, às 15h, no Paço do Frevo, com participação da cantora carioca Thaís Gulin e das pernambucanas Isaar e Flaira Ferro, além da poeta Luna Vitrolira.

Depois de uma pré-estreia em vnovembro, Frevália tem agora a sua inauguração oficial em parceria com o Paço do Frevo. Não
é um show pontual de Romero, e sim o início de um projeto maior que olha para o futuro e busca a apreciação cotidiana do gênero – reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, mas ainda tido como uma música sazonal no
Estado. Em um domingo do mês, sempre no Paço Alfândega, o cantor anfitrião receberá três artistas, sendo dois locais e mais um de fora do Estado. No palco eles apresentam canções de compositores consagrados e músicas de autores contemporâneos, trazendo o frevo para o hoje e para o agora.

Romero Ferro conta que a ideia do novo projeto foi um desencadeamento de um show anterior, Sangue, Som e Frevo, que ele tocou durante três anos no Carnaval. “Embora ambos tenham a intenção de renovar o frevo, são completamente diferentes”, comenta. “A gente vem com muito mais força no Frevália, com repertório novo, rearranjado, tanto de canções mais consagradas quanto de frevos novos.”

Dos grandes clássicos, o setlist inclui Chapéu de Sol Aberto (de Capiba) e Banho de Cheiro, hit na voz de Elba Ramalho que será tocado como um afrobeat funkeado. “Tem outras que são de compositores conhecidos, mas lado B, como Frevo da Saudade,
de Ademir Paiva e Nelson Ferreira, e Ferver, de Antonio Nóbrega”, complementa. Entre as músicas mais novas estão Fanfarra (da banda Mamelungos), Trancelim de Marfim (Isaar), Frevo Morgado (China), Tão Chique (da gaúcha Adriana Calcanhotto) e Frevinho (parceria da carioca Thaís Gulin e do baiano Moreno Veloso). O show inclui ainda um passeio inusitado pelo manguebeat com Risoflora e Manguetown, todas com novos arranjados assinados pelo pianista Amaro Freitas.

Responsável pela direção musical, o jornalista Cleodon Coelho explica que o frevo foi pensado por eles como “um guardachuva
conceitual, e não ao pé da letra”. “O frevo tem uma vida própria mais ou menos de novembro até o carnaval, mas houve época em que foi uma música pop. Gal Costa com Bloco do Prazer, Festa do Interior, Elba vendendo milhões com Banho de Cheiro”, pontua. Romero completa: “frevo não é música apenas de Carnaval, é música para o ano inteiro e queremos mostrar isso, além de fortalecer o intercâmbio com artistas de outras regiões”

POP

Romero Ferro é um cantor de música pop, como afirmou na roupagem oitentista de seu álbum de estréia, Arsênico (2016). Essa sua referência base permanece no show de frevo. “O show é muito pop, mistura muita coisa com sintetizadores e timbres mesmo. Mas são shows bem diferentes, e eu acho isso massa porque, pra mim, como artista, são dois mergulhos em dois universos diferentes”.

Ele compara os dois trabalhos: “O Arsênico é 90% autoral e o Frevália é 90% de outros compositores. São diferentes, mas existe uma responsabilidade maior em cantar compositores renomadíssimos ou em dar uma primeira voz aos novos. Ontem eu estava ensaiando e pensando que este show requer muito mais técnica, mais cuidado com a respiração e as notas”.

Além do show, Frevália também vai gerar um conteúdo mensal de vídeos no Youtube com entrevistas sobre a importância
e o significado do ritmo para Pernambuco e outras regiões do País. Um disco com convidados também está nos planos. “Inscrevemos o projeto Funcultura e em outros editais para ver se passa em algum”, diz Romero. O produtor cultural Maurício Spinelli quer levar a ideia adiante: “Estamos tentando conseguir o apoio da Secretaria de Cultura e do Turismo, dentre outros apoiadores, e criar mais esse espaço para a nossa música circular e acontecer”.

ARTISTAS EM FOCO: QUEM É QUEM

Thaís Gulin:  Carioca apaixonada pelo Carnaval do Recife, seu último álbum inclui a música Frevinho, escrita por ela e Moreno Veloso

Isaar: A cantora já ez shows de frevo no Carnaval e também regravou Paraquedista, de Cláudio Almeida e Cláudio Valença, no CD Frevo do Mundo.

Flaira Ferro: Além de cantora, a artista é uma dançarina com longa estrada no frevo. No palco apresentará uma versão contemporânea, diferente dos tradicionais passos com a sombrinha

Luna Vitrolira: A poeta fará uma intenvenção declamando um texto seu sobre o corpo e ser mulher.

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