FIG 2017

Baiana System faz a praça tremer em Garanhuns

Com Curumin, Barro e a veterana Eddie, festival trouxe o novo pop nacional

Bruno Albertim
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Bruno Albertim
Publicado em 26/07/2017 às 12:50
Carol Santos / Cultura PE
Com Curumin, Barro e a veterana Eddie, festival trouxe o novo pop nacional - FOTO: Carol Santos / Cultura PE
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GARANHUNS - Na noite desta última terça-feira, o Festival de Inverno de Garanhuns confirmou que volta com força à sua melhor vocação. À qualquer festival, aliás, que preze pela fertilidade: evitar o populismo confortável de apostar apenas no mainstream e oferecer, ao público, o contato com o que de fato é novo. Barro, Curumim, Baiana System e a veterana Eddie fizeram da noite um breve caleidoscópio do que há de mais afirmativo no pop contemporâneo local e nacional.

Com uma hora de atraso e a pane elétrica que queimou a mesa de som, o jovem pernambucano Guilherme Barro abriu os trabalhos do Palco Pop, erguido na rua diante da entrada do Parque Euclides Dourado. Com uma banda sintética e uma sonoridade polifônica, juntou um público animado e amigo, letras na ponta da língua, e confirmou que terá uma boa estrada de serviços prestados ao pcp (pop contemporâneo pernambucano). Com uma mescla de rock n roll, canção francesa, folk e forró dilatado, fez um show vibrante, de quem tem fome de palco. Em seguida, Zé da Flauta e a Banda Psicoativo reeditou uma certa psicodelia saudosista.

Mas a noite do palco pop pertenceu mesmo ao paulistano Curumin. Com uma usina sonora absolutamente  polifônica, Curumin e banda processaram sambas, reggaes, batidas de pista e que tais para a materialização de um som de muitas camadas e um discurso afinado tanto com o êxtase como com as tensões do contemporâneo. Executado praticamente em looping, o show fez dançar e cantar temas já mais difundidos, como a magnética Selvagem.

TREME TERRA

Diante do palco Mestre Dominguinhos, uma multidão de meia-praça caiu no carnaval roquenrolizado da banda olidense Eddie. Muita gente do Agreste comemorava o encurtamento da distância já nem tão grande. “Há muito tempo eu queria ver esse Original Olinda Style, que bom que veio para Garanhuns. Nem sempre, a gente pode ir pras festinhas do Recife”, dizia, na plateia, a estudante Amanda Nascimento, 23.  Veteranísssima, a Eddide veio de sangue novo com a presença da orquestra de frevo Henrique Dias. “Para a música da Eddie, o frevo tem o mesmo peso do punk-rock”, dizia o vocalista Fábio Trummer, lançando praticamente uma campanha, no palco, pelo grêmio tradicional de ensino e prática de frevo dos Quatro Cantos de Olinda. “Se você tem um instrumento ou pode ajudar de alguma forma, contribua. Com todos os esforços, a Henrique Dias vem ajudando a manter viva a cultura do Carnaval de Olinda”.

Mas o treme-terra estava por vir. Sob a presença magnética do vocalista Russo Passapusso, a soteropolitana Baiana System não precisou de mais do que um minuto de cena para mostrar porque é uma das bandas que melhor definem, caleidoscopicamente, as dicotomias do Brasil tão ruidosamente contemporâneo. Também hipnoticamente polifônico, a mescla de guitarras baianas, carnaval, axé-atômico, baixos e batidas eletrônicas, costurado por um discurso jugular sobre acessos e desigualdades, centros e periferias, fez mesmo a praça tremer.

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