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Cria do CT Barão, destaque do Fluminense e convocado para as Olimpíadas: conheça a história do zagueiro pernambucano Nino

Seleção brasileira masculina estreia no dia 22 de julho nas Olimpíadas contra a Alemanha

Cadastrado por

Filipe Farias

Publicado em 23/06/2021 às 13:21 | Atualizado em 23/06/2021 às 13:26
Nino é pernambucano e tem 24 anos - REPRODUÇÃ/INSTAGRAM

Pernambuco terá um representante na seleção brasileira olímpica nos Jogos de Tóquio. Nascido no Recife, o zagueiro Nino, do Fluminense, foi convocado na semana passada pelo técnico André Jardine para tentar a conquista do bi-olímpico (o Brasil conquistou a medalha de ouro inédita em 2016). Ainda pouco conhecido do torcedor pernambucano, o defensor de 24 anos é mais um atleta lapidado pelo treinador Barão ainda na infância, mas que não teve oportunidade no Trio de Ferro da capital. Em entrevista exclusiva concedida a reportagem da Rádio Jornal, Nino falou sobre a admiração por seu primeiro treinador.



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"Barão é muito especial. O trabalho que ele faz não existe ninguém no mundo que faça dos sete aos 14 anos. Ele prepara o jogador desde os fundamentos básicos, até deixá-lo pronto. E ele sempre fez isso sem muito incentivo. É o tipo de cara que precisa de pouca coisa para fazer algo extraordinário. Hoje vemos os frutos dele... Junto comigo na seleção olímpica tem o Matheus Cunha (atacante paraibano, do Hertha Berlim, da Alemanha), Otávio (meia paraibano, atualmente no Porto, de Portugal) e Rômulo (meia pernambucano, que estava no Busan IPark, da Coreia do Sul), todos passaram pelo CT Barão e realizaram o sonho de se tornar jogador profissional", declarou Nino, que na infância jogava futsal na AABB e também no Santa Cruz.

Já no campo, Nino, que até então jogava de volante, tentou a sorte no sub-17 do Sport, mas acabou sendo dispensado e encontrou no Criciúma as portas abertas para recomeçar. "Joguei um ano na base do Sport, mas sem muita valorização e, por essa falta de valorização, deixei o Estado porque sabia que aí (Pernambuco) seria muito difícil. Eu cheguei no Criciúma muito novo, com idade ainda na formação do seu caráter, da maneira de viver, você ainda não é adulto e não tem maturidade para viver longe dos pais e da família, sendo que meu pai, minha mãe, todos me apoiaram muito. E sobre o Criciúma, não tenho como mensurar. Cheguei lá depois de ter sido dispensado, num momento que não sabia bem o que ia acontecer e o clube abriu as portas e confiou em mim. Me deu oportunidade de terminar a minha base, me colocou pra jogar pela primeira vez como profissional... Então, é um clube que tenho uma enorme gratidão no meu coração", contou o defensor.

Na sua curta passagem pelo Sport, Nino relembra alguns jogadores com quem jogou na base. "Everton Felipe, que está no São Paulo, é do mesmo ano que eu e jogamos no primeiro ano do sub-15. Joelinton, do Newcastle, também jogou no meu time. Neto Moura que está na Ponte Preta. Já Ronaldo, volante que ainda está no Sport, jogava numa categoria acima. Alguns dos jogadores que chegaram no profissional", apontou.

FLUMINENSE

A boa regularidade no Criciúma, alcançando mais de 80 jogos no profissional do time catarinense, chamaram a atenção do Fluminense. Que, apesar de inicialmente ter feito um contrato de empréstimo, não demorou muito para exercer a opção de compra do zagueiro.

"Era algo que sempre quis e trabalhei para alcançar esse sonho que tinha. Já alimentava isso no coração, de ter a oportunidade de aparecer nacionalmente falando. Representar uma das maiores camisas do País e do continente. Então, busquei chegar preparado para encontrar todo tipo de situação. O primeiro ano foi por empréstimo e, o normal, seria voltar para o Criciúma após o contrato. E estava preparado caso não desse certo. Porém, eu estava focado para atrair o interesse do Fluminense em exercer o direito de compra. Graças a Deus fui bem, tive um bom número de partidas e, no final do ano, livramos o time do rebaixamento (em 2019). Esse ano alcancei a marca de 100 jogos pelo clube e foi muito especial. Espero manter essa regularidade e alcançar outras marcas expressivas".

SELEÇÃO OLÍMPICA

Titular inconteste da zaga do Fluminense e atuando em alto nível, a convocação para a seleção sub-23 era mais que natural. E, desde o início do ciclo do pré-olímpico, Nino sempre esteve presente nas convocações do técnico André Jardine, que não poderia deixá-lo de fora da Olimpíada de Tóquio.

"A emoção foi imensa. Lembro do começo, de todo o processo pré-olímpico. Conversa com minha família, parecia algo distante... Chegar numa Olimpíada. Hoje, se Deus quiser, poderei realizar esse sonho. Passa um filme na minha cabeça de tudo o que tivemos de abrir mão. Quando falo a gente é porque não foi só eu, mas minha família também. Perdi o casamento da minha irmã. Inúmeros dia dos pais, dia das mães, aniversários... Perdi a formatura dos meus primos. Muita gente teve de abrir mão para eu poder realizar o meu sonho profissional. Mesmo com as dificuldades que passamos, as portas fechadas que encontramos, outras se abriram de repente, sem imaginarmos. E o apoio que tive deles é algo emocionante. Vejo que valeu a pena. Espero que todos que me ajudaram se sintam realizados com minha participação nos Jogos Olímpicos e que eu possa jogar por eles de alguma maneira", declarou Nino.

Sobre a preparação para as Olimpíadas, o zagueiro pernambucano acredita que o Brasil chega forte para brigar pelo bi-olímpico. "A ansiedade é imensa Não vejo a hora de começar os treinos (preparatórios) e a nossa estreia (contra Alemanha, adversária na final de 2016). É um processo que não se inicia no dia 8 de julho, mas começou há dois anos. Ainda no torneio pré-olímpico. Claro que vai chegando perto vem a ansiedade, com a mescla de responsabilidade de representar o país do futebol e atual campeão olímpico. Mas vamos forte e temos um bom time. Estamos preparados por tudo que passamos até aqui. Vamos motivamos para conquistar a medalha de ouro novamente", garantiu.

Para o jogador do Fluminense, a experiência de Daniel Alves vai ser fundamental na trajetória brasileira. "É um jogador que nem preciso falar muito. É o maior campeão da história do futebol. Um cara que tem muito a agregar onde quer que esteja. Muito feliz de ter a oportunidade de trabalhar com ele. Vai acrescentar muito no meu jogo e terei muito a aprender com ele. Será um privilégio dividir o campo com ele. Muito feliz com essa oportunidade".

VIAGEM AO RECIFE CANCELADA

Como os jogadores convocados para os Jogos Olímpicos se apresentam no dia 8 de julho, quando embarcam para o Catar e, no dia 15 do próximo mês, seguem para o Japão, Nino não terá a oportunidade de voltar a sua cidade natal. Isso porque, no dia 11 de julho, o Fluminense encara o Sport, na Ilha do Retiro, e o zagueiro vai desfalcar a equipe carioca. "Até conversei com minha mãe ontem (21) sobre isso... Como seria legal jogar aí no Recife. Mas, por conta da pandemia, seria difícil ver meus familiares e amigos. Espero que isso tudo passe o mais rápido possível e que quando eu voltar da Olimpíada, que meus pais já tenham tomado as vacinas, minhas irmãs também e que eles possa me visitar no Rio de Janeiro, quem sabe para comemorar entre a gente a medalha de ouro", desejou o defensor, que lembrou de seus confrontos com os times pernambucanos em solo recifense.

"Já joguei contra os três clubes daí, sim. Contra Santa Cruz e Náutico, eu atuava pelo Criciúma e levamos a melhor. Já contra o Sport, no ano passado, perdemos na Ilha do Retiro por 1x0", relembrou o zagueiro pernambucano Nino.

 
 
 
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