O estádio do Arruda é orgulho do torcedor do Santa Cruz. O maior de Pernambuco foi palco de muitas histórias do time coral. Nos anos 70, a equipe de Givanildo, Fernando Santana, Fernando Veloso, Ramón, Nunes Cabelo de Fogo e tantos outros ídolos faziam do Arrudão um verdadeiro caldeirão. Os adversários temiam jogar no estádio coral. Em 1975, o esquadrão tricolor fez uma campanha brilhante, terminando na quarta colocação do Campeonato Brasileiro. O Arruda era um trunfo!
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Nos anos 80, o Arruda foi palco da maior parte das grandes decisões do Estadual. Para o torcedor coral, duas são inesquecíveis pela sua dose de emoção. Em 83, foi na cobrança de pênalti, em que o goleiro Luiz Neto segurou uma bola na linha do gol, na cobrança de Porto, do Náutico. Dez anos depois, o Tricolor superou novamente o Timbu, numa vitória quase inacreditável: virada no placar quando tinha um jogador a menos. Em ambas conquistas, a torcida invadiu o gramado e fez a festa ao lado dos ídolos.
A Seleção Brasileira também tem uma história vitoriosa no estádio José do Rêgo Maciel. Foram 9 jogos da Canarinha no estádio do Tricolor. Foram 8 vitórias e um empate. Em 1986, o Brasil enfrentou a Iugoslávia, no último amistoso às vésperas da Copa do Mundo. A partida marcou a volta de Zico, após se recuperar de uma séria contusão. O Brasil venceu por 4x2 e o Galinho fez três gols. Em 93, os jogadores do Brasil pisaram no gramado do Arruda de mãos dadas, para mostrar união e espantar a má fase. A torcida fez a festa. A seleção goleou os bolivianos por 6x0 e retomou a confiança que levou ao título mundial nos Estados Unidos, em 1994.
E não foi só de futebol que viveu o Arruda. Muitos artistas já tiveram no estádio para embalar o público pernambucano. Nos anos 80, a juventude lotou as arquibancadas e pisou no gramado para vibrar ao som do pop porto-riquenho do Menudo, que era a febre do momento. O Rei Roberto Carlos também reuniu seus adoradores para dizer "Quando eu estou aqui, eu vivo esse momento lindo...". Até o beatle Paul McCartney emocionou gerações no José do Rêgo Maciel e, mais recentemente, Jon Bon Jovi.
Agora, não tem show. O Santa Cruz vive uma crise maior que o Arruda. Bem maior. O seu estádio está na pauta de um leilão. E não é a primeira vez que isso acontece. Em campo, o Tricolor não venceu ainda na Série C. Está caminhando para a Série D. Sem dinheiro, rachado politicamente, com dirigentes sendo alvo de violência. Até quando?
O Santa Cruz precisa do Arruda. Mas também precisa voltar a ser o Santa Cruz que arrasta o povo "para juntar mais essa vitória". Só assim leilões deixaram de perturbar os tricolores que precisam de paz.