As expectativas para o início da temporada no futebol são sempre altas. Além do mercado de transferências ferver, outro mercado fica bastante movimentado: o de novos uniformes.
Cores, desenhos, corte, marcas e fornecedores esportivos se destacam ao lançar grandes novidades mercadológicas. As receitas que os clubes podem conseguir com novos padrões e patrocínios também estão em jogo.
As vendas dessas camisas também são marcadas pelo desempenho das equipes na temporada. Uma camisa presente em determinadas conquistas no ano se torma mais emblemática e ganha mais valor.
Mas essa opção de lucrar com vendas de camisas não veio dos primórdios do futebol.
CAMISA DE FUTEBOL: Uma evolução cultural e comercial
Na Inglaterra, onde o esporte teria sido criado, os ingleses tinham o futebol como prática para o inverno. Eles usavam cachecóis e chapéus para diferenciar quem era de cada equipe.
Ainda assim, era difício identificar os jogadores em campo apenas com os chapéus, então foi estabelecido que todos deveriam usar um de cor vermelho e de outro cor azul, de modo que os times pudessem ser distinguidos pelas cores nas cabeças dos jogadores.
À medida que o tempo passou, as regras do jogo foram se modernizando. A partir de 1870, os uniformes passaram a ser uma parte essencial da identificação dos jogadores.
Isso não foi uma transição fácil, pois as camisas precisavam ser encomendadas de alfaiates e os modelos coloridos eram mais caros do que os brancos, que eram a preferência da época.
A mudança no uniforme também possibiliou outra alteração na regra do jogo, no final do século XIX: o passe para frente. Antes dela o passe só era permitido para trás, pois todo o jogador a frente da linha da bola encontrava-se impedido.
Tecnologia e inovação começa a marcar presença
A evolução do jogo de futebol tem acompanhado de perto os avanços da tecnologia, e isso inclui as camisas usadas pelos jogadores. No passado, as camisas eram simples, com golas gigantes, botões e sem números. No entanto, ao longo dos anos, essas peças essenciais do uniforme passaram por transformações significativas.
Uma das mudanças mais importantes ocorreu na Copa do Mundo de 1950, realizada no Brasil, quando os números nas camisas se tornaram oficiais e obrigatórios.
No entanto, mesmo com essas melhorias, as camisas ainda eram feitas principalmente de algodão, um tecido confortável, mas problemático em condições de chuva ou quando os jogadores suavam intensamente.
O algodão, quando molhado, tornava-se pesado e prejudicava o desempenho dos atletas. Isso levou a uma busca por materiais mais adequados, e na década de 80, a indústria esportiva introduziu o poliéster, um tecido mais leve e que não grudava no corpo quando molhado, facilitando a evaporação do suor.
Marcas passam a usar tecidos especiais
Com o passar do tempo, foram surgindo problemas com o próprio poliéster, incluindo reações alérgicas em alguns jogadores devido à sua composição química.
As pesquisas continuaram nos laboratórios têxteis e, cerca de uma década depois, tecnologias voltadas para a prática esportiva - como a Dri-Fit, patenteada pela Nike, e a ClimaCool, da Adidas - foram desenvolvidas. Esses materiais conseguiram eliminar o suor sem irritar a pele dos jogadores de maneira eficaz.
Além disso, a indústria incorporou o uso de garrafas PET recicladas na composição dos materiais e implementou cortes e furações a laser para facilitar a troca de calor, como podemos observar nas camisas modernas dos principais times do mundo.
Além da tecnologia, a percepção das camisas de futebol também evoluiu ao longo do tempo. Antigamente, elas eram usadas apenas em campo ou nas arquibancadas pelos torcedores.
Hoje, as camisas de futebol se tornaram uma peça de moda em muitos guarda-roupas, muitas vezes usadas em sua forma original, diretamente da loja, e outras vezes customizadas para se transformarem em saias e vestidos, por exemplo.