Grupo de médicos do Recife se junta a movimento nacional para mudar atendimento inicial a pacientes com coronavírus

Os profissionais pedem que seja dada maior atenção no atendimento inicial dos pacientes infectados
Rute Arruda
Publicado em 20/05/2020 às 23:35
País ultrapassou marca de 53 mil mortos Foto: FREEPIK/BANCO DE IMAGENS


Médicos de diversas especialidades no Brasil, incluindo Pernambuco, divulgaram um manifesto, nesta quarta-feira (20), para mudar o atendimento primário de pacientes com o novo coronavírus. O objetivo é tentar impedir o avanço da doença nas pessoas e evitar que seja necessário o atendimento em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

De acordo com o médico oftalmologista Antônio Jordão, que faz parte do grupo que assina o manifesto, no Brasil não está sendo dada atenção necessária à fase inicial da doença, e os pacientes acabam tendo o estado de saúde agravado. "Nós médicos achamos um tremendo absurdo atender um paciente e mandar ele para casa com paracetamol e água. Sabendo que há outras medicações que vão ajudar nesse momento. Pode ser que não sejam medicações definitivas. Pode ser que amanhã surja um remédio melhor, mas aí para isso a pessoa precisa estar viva. Essa é nossa preocupação", disse.

Ele explicou que em outros países, como a Espanha, um dos mais afetados pela covid-19, o atendimento primário passou a ser feito de forma mais intensa e houve resultados positivos. "Se descobriu que essa doença não era uma gripe simples. Era uma doença generalizada, infecciosa, imunológica, hematológica e inflamatória. Ou seja, atacando o organismo todo. Você tem gente com pneumonia, mas você também tem gente com inflamação no intestino, no cérebro e no coração. E no pâncreas e em qualquer órgão. O número de casos graves, ele foi exponencial. Ele cresceu muito. Então isso acabou colapsando o sistema de saúde de diversos países", comentou.

O médico disse que, ao se observar que o coronavírus era mais que uma gripe, foi constatado que era necessário tratá-lo antes que o quadro evoluísse para grave. "Uma gripe é autoresolutiva, e em 5 dias, 7 dias, o paciente está recuperado. Essa não é uma gripe. O coronavírus não mata ninguém. O que mata as pessoas é a reação que o organismo tem em função da entrada do coronavírus no organismo. Então quando se viu que não se resolvia na alta complexidade, os países inverteram a lógica da intervenção. Viram que era necessário investir na atenção primária. Nos casos leves, para que eles não evoluíssem para moderados, e o moderado não evoluísse para grave. Então, foi assim que a Espanha esvaziou os leitos de UTI e desativou os hospitais de campanha. Como? tratando logo, de imediato, na chamada fase viral", afirmou.

"Esse é o momento ideal de se agir. No início do processo. Primeiro, segundo dia, terceiro no máximo. A primeira fase ela leva em torno de cinco dias. Então, o que aconteceu nos outros países? Quando eles começaram a tratar na fase leve, eles acabaram por evitar, na grande maioria dos casos, que eles evoluíssem de leves para moderados e de moderados a grave", completou Jordão.

Segundo explicou o médico, uma doença possui três fases: de replicação viral (fase 1), replicação viral com início da fase inflamatória (fase 2) e a fase 3, que é classificada como "muito inflamatória". "Essa é a fase que ocorre o comprometimento dos órgãos, que é onde o paciente vai parar na UTI", explicou.

No manifesto, consta que "inegavelmente, a comunidade médica reconhece cada vez mais como impactante na prática de enfrentamento da pandemia é que, tratando precocemente com prescrição de medicações via oral, uma abordagem primária, simples e de baixo custo, na maioria das vezes evita-se que os casos leves progridam para moderados, e os moderados para graves, reduzindo de forma expressiva o índice de letalidade e reduzindo substancialmente o custo de tratamento". 

Veja o manifesto na íntegra

Jornal do Commercio

 

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O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada

 

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