Escola Livre de Redução de Danos capacita agentes e debate a política de drogas da América Latina em curso online

Serão 100 vagas gratuitas e em formato aberto, contando com dez bolsas-net (auxílio de R$ 200) e prioridade de inscrições no Norte e Nordeste
JC
Publicado em 05/08/2020 às 14:27
Serão 100 vagas gratuitas e em formato aberto Foto: Foto: EBC


A Escola Livre de Redução de Danos vai oferecer e ministrar, de forma gratuita, online e aberta, o curso Redução de danos: contextos e realidades latino-americanas. Com dois meses de duração, as aulas semanais, sempre às quintas-feiras, acontecerão desta quinta-feira (06 de agosto) a 10 de outubro. Todos os 10 encontros poderão ser acompanhados de casa, por medida de prevenção ao vírus.

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A organização político-profissional sem fins lucrativos tem como um dos objetivos formar, capacitar e estimular pessoas, coletivos e organizações na produção e difusão de conhecimentos sobre a redução de danos no uso de álcool e outras drogas. Ano passado, a entidade realizou um seminário internacional e lançou no Brasil a edição em português do livro Limites da correria: redução de danos para usuários de drogas estimulantes. A obra reúne e detalha sete práticas e experiências exitosas no mundo; o Brasil é citado com o programa governamental Atitude, de Pernambuco.

A psicóloga e uma das fundadoras da Escola Livre Priscilla Gadelha ressaltou a necessidade do acolhimento e cuidado principalmente durante a pandemia. “A dinâmica com a pandemia nos provocou uma necessidade ainda maior sobre cuidado e acolhimento, e nos apresentou também a realidade da desigualdade assustadora em parte da população. A redução de danos parte do cuidado e do acolhimento e cabe a nós, redutoras e redutores de danos, estimular e ampliar ainda mais esta ação de baixa exigência em processos de cuidado, junto a pessoas que usam drogas que estão em uso de substância ou não”.

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Serão 100 vagas com certificado, com dez “bolsas-net”, com auxílio de R$ 200 para a conexão nos dois meses do curso. No total, são 28 horas de conteúdo, além de outras quatro horas para encontros de avaliação. 

Devido a invisibilidade e apagamento histórico das regiões Norte e Nordeste, de acordo com Priscilla, a escola decidiu destinar 70% das vagas para as duas regiões. "Como também para ampliar a discussão em todo país, provocando uma frente ampla pela liberdade e pelo direitos humanos", afirmou.

As aulas do curso serão transmitidas pelos canais da Escola Livre de RD no Facebook e YouTube


Certificado e especialistas

Contextos e realidades latino-americanas é o primeiro módulo dos cursos da Escola Livre de RD. Para concluir a formação como agente redutor/a de danos, as pessoas interessadas é requisitada a capacitação nos módulos seguintes do processo de aprendizagem e formação da organização.

Todas as dez aulas terão a participação de algum profissional da temática do Brasil e de outros países, como Argentina, Colômbia, Costa Rica e México. O psicólogo e também fundador da organização Rafael Wets contou um pouco sobre a perspectiva do curso para trazer realidade "do nosso continente". “A perspectiva é de fomentar uma formação ampliada, que traga a realidade do nosso continente, País, região, Estado e cidade, do macro ao micro. E, a partir daí, entender a prática a ser colocada no território, com olhar empático, horizontal e autônomo”.


Ações de solidariedade e RD

Apesar da suspensão de atividades presenciais por conta da pandemia, a Escola Livre de RD adaptou parte do seu planejamento e promoveu ações regulares de solidariedade e de redução de danos, como a distribuição de kits higiene e cestas básicas.

População em situação de rua e familiares de pessoas privadas de liberdade foram o público auxiliado. De acordo com a redutora de danos e também fundadora Ingrid Farias, a escola compreende as ações como parte do esforço pelo fim das desigualdades e da luta antirracista e feminista, levando em conta que foram as mulheres negras e chefes de família as que foram mais impactadas na pandemia.

Redução de Danos é um conjunto de políticas, programas e práticas individuais, coletivas e governamentais, com o objetivo de reduzir os danos associados ao uso de drogas em pessoas que não podem ou não querem parar o uso. As intervenções são baseadas no compromisso com a saúde pública, a ciência e os direitos humanos. A redução de danos enquanto estratégia e tecnologia social ganhou maior dimensão depois do reconhecimento da ameaça da disseminação do HIV; a troca de seringas foi uma ação de RD, por exemplo.

 

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