HISTÓRIA

Dia do Professor: a história de Antonieta Barros, primeira deputada negra do Brasil, que oficializou a data em 1948

Antonieta apresentou o projeto de lei à Assembleia Legislativa catarinense em 1948, mas apenas 15 anos depois, com a assinatura de um decreto do então presidente João Goulart, o dia 15 de outubro foi oficializado em todo o Brasil

Cadastrado por

Vanessa Moura

Publicado em 15/10/2021 às 7:29
Antonieta de Barros - INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA

O Dia do Professor é celebrado em todo o Brasil, oficialmente, no dia 15 de outubro desde o ano de 1963. Antes disso, no entanto, a data já era comemorada em Santa Catarina a partir de um projeto de lei criado pela primeira mulher negra a ser eleita deputada no País, a professora Antonieta de Barros.

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A data foi criada em referência ao dia em que o imperador D. Pedro I instituiu o Ensino Elementar no Brasil, no ano de 1827. Mas foi somente em 1948, baseada na ideia do professor paulista Salomão Becker, que a data virou oficial pela primeira vez em um estado brasileiro, após Antonieta de Barros apresentar à Assembleia Legislativa catarinense o projeto de lei que criava o Dia do Professor. 

Antonieta teve papel importante na luta pela educação, pela igualdade racial e pelos direitos das mulheres em sua época. Nascida em Florianópolis no dia 11 de julho de 1901, apenas 13 anos após a abolição da escravatura no Brasil, ela é filha de Catarina Waltrich, uma ex-escrava que, após ser libertada, passou a trabalhar como lavadeira e, posteriormente, abriu uma pensão para estudantes na própria casa. Foi na pensão de sua mãe que Antonieta se alfabetizou.

Aos 17 anos, ingressou na Escola Normal Catarinense - atual Instituto Estadual de Educação, onde realizou curso equivalente ao Ensino Médio. Em 1922, um ano após se formar, ela fundou o Curso Particular Antonieta de Barros, um projeto que tinha o objetivo de oferecer educação gratuita para a população adulta carente.

Além de ser professora, Antonieta atuou como cronista durante 23 anos, escrevendo mais de mil artigos em oito veículos diferentes. Ela também foi fundadora e diretora do jornal “A Semana”, entre 1922 e 1927. Através de seus textos, a jovem divulgava seus posicionamentos em relação à educação, política, emancipação feminina e luta contra preconceitos.

Antonieta com uma turma no colégio - DIVULGAÇÃO/UDESC

Na década de 1930, Antonieta trocou correspondência com a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF). O contato é comprovado por cartas guardadas atualmente no Arquivo Nacional com conversas entre ela e Bertha Lutz, ativista pelo direito do voto feminino e uma das fundadoras da Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher.

Já em 1934, na primeira eleição em que as mulheres puderam votar e se candidatar a cargos políticos em todo o país, Antonieta se filiou ao Partido Liberal Catarinense e foi eleita deputada estadual. Em seu mandato, defendia a concessão de bolsas de estudo para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Para ela, a educação era a única arma capaz de libertar os menos favorecidos. 

No ano de 1937, início do período ditatorial de Getúlio Vargas que fechou assembleias, o Congresso Nacional e diversos partidos, Antonieta finalizou seu primeiro mandato e, sob o pseudônimo Maria da Ilha, escreveu o livro "Farrapos de Idéias", cujos lucros da primeira edição foram doados para a construção de uma escola para abrigar crianças. 

Dez anos depois, em 1947, após o fim da ditadura Vargas, Antonieta se elegeu deputada novamente. Desta vez, no entanto, filiada ao Partido Social Democrático. O mandato durou até 1951. 

Ela morreu em 1952 e exerceu o magistério até o fim de sua vida. Apenas 11 anos após sua morte, o dia 15 de outubro foi oficializado como Dia do Professor em todo o Brasil, pelo então presidente João Goulart.

A determinação se perpetuou, fazendo com que hoje, alunos e professores de norte a sul, celebrem a data inicialmente criada por uma mulher negra e filha de ex-escrava, que embora tenha rompido barreiras e ocupado lugares inimagináveis à época, é tão pouco conhecida. 

No dia dos professores, SJCC homenageia os mestres

Em homenagem ao dia do professor, o Sistema Jornal do Commercio de Comunicação convida a todos, professores e estudantes, a homenagear os profissionais responsáveis por formar todas as profissões. Afinal, para cada ofício, tem um professor. Nossos comunicadores compartilharam histórias de professores que marcaram a vida escolar, da pré-escola ao ensino universitário.

São histórias inspiradoras, lembranças dos profissionais que fizeram parte da história de cada um deles e que foram fundamentais para que eles se tornassem os profissionais que são. E se você também tem um mestre que marcou a sua vida, conta pra gente. Num ano marcado por uma pandemia, no qual o professor foi um verdadeiro herói, nada mais justo do que fazer uma bela homenagem a este profissional tão essencial na vida de cada um de nós.

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Anne Barreto

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