Da AFP
O desmatamento na Amazônia brasileira retrocedeu 15% em março em relação ao mesmo período de 2021, mas registrou um primeiro trimestre recorde, segundo dados do Instituto de Investigação Espacial (INPE) divulgados nesta sexta-feira (8).
As imagens do programa de vigilância Deter do órgão mostram que, no mês passado, desapareceram 312km² de floresta amazônica, frente a 368km² em março de 2021 e 327km² em março de 2020.
Esse retrocesso, porém, se dá após um desmatamento recorde em janeiro e fevereiro, especialmente preocupante porque se trata da temporada de chuvas na Amazônia, geralmente um período de pouco desmatamento.
No total, foram desmatados 941km² no primeiro trimestre, o máximo desde que começou a ser utilizado o programa Deter, em 2015.
"Claramente, temos assistido, nos últimos anos, a um retrocesso em matéria de política ambiental e o resultado é visto com os recordes de desmatamento para o primeiro trimestre de 2022 e nos anos anteriores", explicou em um comunicado Cristiane Mazzetti, porta-voz do Greenpeace Brasil.
Desde a chegada ao poder em 2019 do presidente Jair Bolsonaro, o desmatamento anual médio da Amazônia brasileira aumentou mais de 75% em relação à década anterior.
O governo Bolsonaro é acusado de favorecer a impunidade dos garimpeiros de ouro, dos pecuaristas e dos traficantes de madeira que praticam o desmatamento ilegal, além de ter realizado cortes orçamentários dos órgãos de controle ambiental.
"A conservação das florestas é uma das soluções preconizadas pelo Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Mudança Climática (IPCC) para limitar o aquecimento do planeta em 1,5ºC. O Brasil poderia ser um líder mundial sobre a questão climática, mas o governo vai deliberadamente na direção oposta", afirmou Mazzetti.
A cifra trimestral mostra que o Brasil, que abriga 60% do bioma amazônico, poderia bater um novo recorde de desmatamento em 2022.
Segundo dados publicados em novembro pelo Prodes, outro programa do INPE, o desmatamento da Amazônia totalizou 13.235km² no período de referência de agosto de 2020 a julho de 2021, o máximo em 15 anos.