Por Lorrâne Mendonça, especial para Estadão Conteúdo
No Ceará, um pescador sofreu convulsões e paradas cardíacas após pisar em um peixe-leão, na Praia de Bitupitá, do município de Barroquinha, no litoral do interior do estado. O Pterois volitans é uma espécie peçonhenta, predatória e agressiva a outros peixes e invertebrados marinhos.
Por causa do envenenamento, o pescador ficou internado por quase uma semana. O caso foi confirmado pelo professor Marcelo Soares, do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR) da Universidade Federal do Ceará.
"O peixe-leão é uma espécie invasora, que surgiu no extremo oeste do Ceará entre Bitupitá e Itarema. Ele foi encontrado em regiões consideradas rasas, entre 0 e 8 metros de profundidade. Até agora, foram encontrados 30 peixes, mas, à medida que os anos foram passando, a quantidade pode aumentar se não houver um controle ambiental por parte das autoridades", explica o professor.
O animal representa uma ameaça tanto à saúde humana quanto a outras espécies marinhas, causando também elevados prejuízos ambientais e socioeconômicos, já que atrapalha a pesca artesanal, pois ele se alimenta de espécies nativas de peixes e camarões e não tem um predador natural. Além de prejuízos também ao turismo local.
Soares explica ainda que o peixe-leão possui 18 espinhos venenosos. Em contato com um humano ou outro animal, ele libera um veneno que injeta neurotoxinas por meio dos espinhos, o que causa febre, convulsões e dores intensas no local.
"O peixe-leão se reproduz rapidamente e consegue sobreviver em diferentes habitats, alcançando grandes profundidades no mar, que variam de um a 100 metros, tornando seu manejo difícil. Por isso, é necessário que haja uma ação em nível nacional, com urgência, para combater a espécie invasora", diz Soares.
No último mês de março, oito peixes-leão foram capturados no norte do Ceará. Um foi encontrado no município de Camocim, enquanto os outros sete foram achados em Acaraú, Cruz e no Parque Nacional de Jericoacoara, uma das praias do Ceará mais visitadas por turistas.
Peixe-leão em Pernambuco
Da Agência Brasil
O Peixe-leão encontrou na ilha de Fernando de Noronha a possibilidade de reproduzir.
Apesar de ser natural do oceano Índico e Pacífico, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a espécie, provavelmente, foi guiada por correntes marítimas vindas do mar do Caribe.
Como não é típico do litoral brasileiro, o peixe-leão não possui predadores naturais por aqui e caso sua população aumente de forma rápida, outras espécies correm risco de desaparecer da ilha.
Para o analista ambiental do ICMbio, Ricardo Araújo, é preciso realizar o manejo e a captura da espécie para estudos e controle. Para isso acontecer, a equipe conta com a ajuda de mergulhadores capacitados.
A bióloga Gislaine Lima faz parte do projeto Conservação Recifal e reforça a necessidade de captura desses peixes como medida de curto prazo para análise do espécime.
O peixe-leão pode viver em até 100 metros de profundidade e preferencialmente longe da praia, abrigados em corais.