Desaparecimento

Conheça o Vale do Javari, onde o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira desapareceram

Com uma área de 8,5 milhões de hectares demarcada o Vale do Javari é a segunda maior terra indígena do Brasil, atrás apenas do território Yanomami, com seus 9,4 milhões de hectares

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Adriana Guarda

Publicado em 07/06/2022 às 16:55 | Atualizado em 08/06/2022 às 19:26
Ideia é que estatal Amazombras possa cuidar, pesquisar, desenvolver e proteger a região da Amazônia - FUNAI

A terra indígena Vale do Javari, região da Amazônia onde desapareceram o indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, do jornal "The Guardian", faz fronteira com o Peru e a Colômbia.

Com uma área de 8,5 milhões de hectares demarcada é a segunda maior terra indígena do Brasil, atrás apenas do território Yanomami, com seus 9,4 milhões de hectares. O Vale do Javari também se diferencia por ter a maior população de povos isolados do mundo. 

 

A região é reconhecida como um campo de conflito na Amazônia, historicamente marcada pelo avanço do garimpo, pelo tráfico de drogas e pelo roubo de madeira. De acordo com a organização Terras Indígenas no Brasil. O Vale do Javari é habitado por 26 povos e tem uma população de 6.317 habitantes.

Além dos conflitos por problemas externos ao território também acontecem desentendimentos entre os povos indígenas, sobretudo envolvendo os isolados.  

Vale do Javari é palco de conflitos

O tráfico de cocaína é uma realidade no Vale do Javari. A droga vem do Peru e passa por dentro das terras indígenas. O garimpo é outro problema com perspectiva de ganhar proporções ao longo dos próximos anos. A exploração é comum na região desde a década de 1980, mas se mantinha fora das terras indígenas. O garimpo é alvo de operações constantes da Polícia Federal, mas começa a cruzar os limites da terra indígena. É como uma bomba prestes a explodir, com risco iminente de um conflito entre garimpeiros e índios isolados.

Outro problema que os povos do Javari enfrenta é a cobiça dos missionários, que querem acessar os índios a todo o custo sob o pretexto de que se a palavra de Deus não for levada a todos os povos, Ele não vai voltar. Essa circulação de missionários brasileiros e estrangeiros provoca um aumento da circulação de pessoas nas aldeias e acaba trazendo doenças. Uma dela foi a covid-19 com consequência de muitos transtornos e mortes. 

Indígenas Korubo fizeram contato em 2014 - Funai

Até pouco tempo não de tinha imagens de alguns povos do Vale do Javari, a exemplo dos Korubo e Marubo. Em 2017, o fotógrafo Sebastião Salgado foi o primeiro a conseguir clicar esses índios, com a ajuda da União dos Povos do Vale do Javari (Univaja). As imagens compõem o livro Amazônia. Os korubo estabeleceram contato pela primeira vez em 2014. 

É nesta região cheia de peculiaridades onde desapareceram o indigenista e o jornalista. Bruno Pereira é um profundo conhecedor da região. 

  

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