A terra indígena Vale do Javari, região da Amazônia onde desapareceram o indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, do jornal "The Guardian", faz fronteira com o Peru e a Colômbia.
Com uma área de 8,5 milhões de hectares demarcada é a segunda maior terra indígena do Brasil, atrás apenas do território Yanomami, com seus 9,4 milhões de hectares. O Vale do Javari também se diferencia por ter a maior população de povos isolados do mundo.
A região é reconhecida como um campo de conflito na Amazônia, historicamente marcada pelo avanço do garimpo, pelo tráfico de drogas e pelo roubo de madeira. De acordo com a organização Terras Indígenas no Brasil. O Vale do Javari é habitado por 26 povos e tem uma população de 6.317 habitantes.
Além dos conflitos por problemas externos ao território também acontecem desentendimentos entre os povos indígenas, sobretudo envolvendo os isolados.
Vale do Javari é palco de conflitos
O tráfico de cocaína é uma realidade no Vale do Javari. A droga vem do Peru e passa por dentro das terras indígenas. O garimpo é outro problema com perspectiva de ganhar proporções ao longo dos próximos anos. A exploração é comum na região desde a década de 1980, mas se mantinha fora das terras indígenas. O garimpo é alvo de operações constantes da Polícia Federal, mas começa a cruzar os limites da terra indígena. É como uma bomba prestes a explodir, com risco iminente de um conflito entre garimpeiros e índios isolados.
Outro problema que os povos do Javari enfrenta é a cobiça dos missionários, que querem acessar os índios a todo o custo sob o pretexto de que se a palavra de Deus não for levada a todos os povos, Ele não vai voltar. Essa circulação de missionários brasileiros e estrangeiros provoca um aumento da circulação de pessoas nas aldeias e acaba trazendo doenças. Uma dela foi a covid-19 com consequência de muitos transtornos e mortes.
Até pouco tempo não de tinha imagens de alguns povos do Vale do Javari, a exemplo dos Korubo e Marubo. Em 2017, o fotógrafo Sebastião Salgado foi o primeiro a conseguir clicar esses índios, com a ajuda da União dos Povos do Vale do Javari (Univaja). As imagens compõem o livro Amazônia. Os korubo estabeleceram contato pela primeira vez em 2014.
É nesta região cheia de peculiaridades onde desapareceram o indigenista e o jornalista. Bruno Pereira é um profundo conhecedor da região.