WASHINGTON - A Nasa está preparada para lançar nesta sexta-feira a sonda de exploração espacial Juno em direção a Júpiter, a fim de tentar melhor compreender como se formou este enorme planeta gasoso e, por extensão, "qual é a receita de fabricação dos planetas". A sonda, impulsionada por energia solar e avaliada em 1,1 bilhão de dólares, vai viver uma odisseia de cinco anos em direção ao mais maciço dos planetas do sistema solar.
O observatório, que não terá tripulação, foi desenhado para viajar pelo o espaço a bordo do foguete Atlas 4. Uma hora depois de decolar de Cabo Cañaveral, na Flórida, Juno se encontgrará "a cinco anos e 2,8 bilhões de quilômetros de Júpiter", indicou a Nasa.
Assim que chegar a seu destino, em julho de 2016, a nave orbitará os polos do gigantesco planeta, que supostamente foi o primeiro a ser formar em torno do Sol e cuja massa é duas vezes superior a de todos os planestas do Sistema Solar juntos. O nome Juno representa aquela que, na mitologia romana, é ao mesmo tempo mulher e irmã de Júpiter.
"Quando o Sol se formou, recuperou a grande maioria de seus restos", resumiu Scott Bolton, principal cientista do programa Juno e membro do Southwest Research Institute em San Antonio (Texas, sul). "É por isso que é tão interessante para nós: se quisermos voltar no tempo e compreender de onde viemos e como os planetas apareceram, o segredo está com Júpiter", destacou.
"Então, queremos conhecer a lista dos ingredientes. O que queremos fazer realmente é descobrir a receita de fabricação dos planetas", resumiu. Em 1989, a Nasa havia lançado a sonda 'Galileo', que entrou em órbita em torno a Júpiter em 1995 e se desintegrou mergulhando no planeta em 2003. Outros engenhos espaciais da Nasa, como os Voyager 1 e 2, Ulysses e New Horizons também se aproximaram do quinto planeta partindo do Sol.
Mas desta vez, "vamos chegar mais perto de Júpiter que nenhuma outra nave espacial", destacou Scott Bolton esta semana, em entrevista à imprensa. "Estaremos, apenas, a 5.000 km sobre a crista das nuvens. E mergulharemos, também, sob os circuitos de radiações (de Jupiter), o que é muito importante porque constituem a região mais perigosa do sistema solar, exceto se quisermos ir reto, em direção ao próprio Sol", continuou.
A viagem para Júpiter não será feita em linha reta, explicou Jan Chodas, diretora do projeto Juno do Jet Propulsion Laboratory da Nasa em Pasadena (Califórnia). "Nós a lançaremos da Terra ainda em agosto e contornaremos a órbita de Marte, fazendo duas grandes manobras no espaço", enumerou. Em seguida, Juno voltará roçar a Terra, em outubro de 2013, antes de singrar em direção a Júpiter. Chegada prevista: julho de 2016.
Juno vai utilizar uma série de instrumentos, entre eles alguns fornecidos por Itália, França e Bélgica como parte de uma parceria com a Agência Espacial Europeia, para estudar o funcionamento do planeta e sondar suas entranhas. Duas experiências significativas consistirão em tentar avaliar a quantidade de água que o planeta contém e determinar se "possui um núcleo de elementos pesados em seu centro, ou se é composto apenas de gás", explicou Scott Bolton.
Os cientistas procuram, também, saber mais sobre os campos magnéticos de Júpiter e sobre sua mancha vermelha, local de uma tempestade que causa furor há mais de 300 anos. Juno se inscreve numa série de missões de estudo do sistema solar, destacou Jim Green, diretor da divisão da Nasa dedicada ao estudo dos planetas: a missão Grail deve ser lançada em direção à Lua em setembro, e o Mars Science Laboratory deverá partir em novembro.
"Estas missões são concebidas para responder a algumas das questões mais complexas que envolvem a ciência dos planetas: tudo o que diz respeito a nossas origens e a evolução do sistema solar", destacou.