Mulheres de Santana transformam lixo do bairro em artesanato

Com materiais como disco de vinil e filtro de café, elas produzem peças bonitas e originais
Claudia Parente
Publicado em 31/05/2015 às 8:10
Foto: Foto:Diego Nigro/JC Imagem


Uma vez por semana, um grupo de mulheres de Santana, bairro da Zona Norte do Recife, se reúne para discutir o que fazer com os inúmeros e diversos materiais recicláveis que recebem de parentes, colegas de trabalhos e vizinhos. Na Escola Espaço Livre, elas transformam filtros de papel em revestimento de mesa, discos de vinil em porta-trecos e até escamas de peixes em belos arranjos de flores.

“A gente gosta do lixo”, comenta Adalva Sobral, 64 anos. Desde que se aposentou, há 17 anos, a assistente social passou a se dedicar ao artesanato de reaproveitamento. Na escola, vale a máxima do químico Lavoisier: nada se perde, tudo se transforma. “Às vezes, a gente passa dias com o material parado sem saber o que fazer. De repente, surge uma nova ideia e um produto bem original”, conta.

A vocação de Adalva para a reciclagem começou em casa, observando a avó. “Ela juntava coisas para reaproveitar depois”, lembra. Mas a artesã só pôs as mãos na massa quando foi trabalhar num hospital. “Ficava incomodada vendo aqueles pacientes psiquiátricos dormindo o dia todo, sem fazer nada.” Com a equipe, começou a promover oficinas para mantê-los ocupados e debutou no campo da reciclagem. Depois da aposentadoria, passou a fazer o mesmo trabalho na comunidade.

Como a vizinhança já conhece a atividade das mulheres, todos cooperam levando resíduos para a Escola Espaço Livre, propriedade da família de Adalva que funciona como oficina. As mulheres de Santana trabalham com papelão, disco de vinil, caixa de leite, filtro de café, vidro, sobras de PVC, jornais, revistas e caixotes de madeira. E produzem vasos de papel, colares coloridos e até flores delicadas, criadas com caixas de maçã.

No momento, o grupo está ansioso pela primeira feira de artesanato do Parque Santana, que será realizada no dia 13 de junho pela Prefeitura do Recife. Vão colocar todas as peças à venda. “Quando você desperta para a questão ambiental, começa a ver o lixo com outro olhar. Além de gerar renda, ele tem um grande valor terapêutico. Produzir é uma delícia”, conclui Adalva.

Foto:Diego Nigro/JC Imagem
Porta-lápis feito com pulseira, garrafa e papel pelas artesãs de Santana - Foto:Diego Nigro/JC Imagem
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A artesã Adalva fabrica flores com escamas de peixes - Foto:Diego Nigro/JC Imagem
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Adalva mostra crucifixo feito de papel e madeira reciclados - Foto:Diego Nigro/JC Imagem
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Mudas de pau-brasil na sementeira da Prefeitura do Recife - Foto:Diego Nigro/JC Imagem
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Muda de pau-brasil, uma das árvores preferidas de Nélio Fonseca - Foto:Diego Nigro/JC Imagem
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Pau-brasil na sementeira da Prefeitura do Recife, de onde Nélio pega mudas para doação - Foto:Diego Nigro/JC Imagem
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Mudas na sementeira da PCR - Foto:Diego Nigro/JC Imagem
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Nélio Fonseca, o "menino do dedo verde" - Foto:Diego Nigro/JC Imagem
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Sementeira da Prefeitura do Recife - Foto:Diego Nigro/JC Imagem
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Sabão produzido por Flávio Reis com óleo reciclado - Foto:Diego Nigro/JC Imagem
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Flávio Reis mostra como produzir sabão, usando óleo de cozinha - Foto:Diego Nigro/JC Imagem
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Semana do Meio Ambiente Reciclagem Santana lixo
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