O Recife vai adotar um selo verde para certificar construções sustentáveis que adotarem medidas para consumir menos água, energia e aumentarem a cobertura vegetal, entre outras coisas, a partir de 2016. O primeiro debate com a sociedade para discutir a proposta de regulamentação do selo, previsto na Lei Municipal de Enfrentamento às Mudanças Climáticas, será nesta quarta-feira (13), às 9h, durante a reunião do Comitê de Sustentabilidade e Mudanças Climáticas (Comclima), no auditório do Museu da Cidade, Forte das Cinco Pontas, Centro.
“Essa é mais uma iniciativa para estimular a redução de gases que causam o efeito estufa”, esclarece o secretário-executivo de Sustentabilidade do Recife, Maurício Guerra. Ele informa que 15% das emissões, no Recife, decorrem do uso de energia por edificações, inclusive residenciais. “Vamos apresentar nossa proposta e ouvir especialistas de várias instituições.”
A proposta da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SMAS) é calcada em quatro pontos: eficiência energética, cobertura vegetal, reuso de água e suportes à mobilidade urbana (bicicletário, banheiros com chuveiros na área comum de prédios, etc). Como referência, o Recife se espelhará no modelo de Belo Horizonte (MG), implantado em 2012 para empreendimentos públicos e privados. O gerente da Secretaria de Meio Ambiente de BH, Weber Coutinho, é um dos palestrantes na reunião do Comclima.
“Queremos conquistar a adesão voluntária das empresas. Até porque a maioria dos materiais para obras sustentáveis não está disponível para o construtor”, comenta Maurício Guerra. Mas o secretário admite que, posteriormente, a prefeitura pensa em tornar algumas dessas soluções obrigatórias. “Também vamos estimular a sustentabilidade em habitações populares.”
As construções sustentáveis, na avaliação do secretário, vão trazer muitos benefícios à cidade. “Além do custo menor pela redução no consumo de água e energia, as edificações podem adotar calçadas verdes, que aumentam a taxa de solo natural”, diz. Nas grandes cidades, a alta impermeabilização é um dos fatores que prejudicam a drenagem, provocando alagamentos. “Essa não é uma mudança que se consegue por decreto, mas pela educação. As pessoas querem morar em construções sustentáveis porque o custo é bem menor”, conclui o secretário.
Também participam do debate a representante da ONG Habitat para a Humanidade, Socorro Leite; o vice-presidente do Fórum de Construção Sustentável do Sinduscon-PE, José Antônio de Lucas Simon; o arquiteto Pablo Patriota, da Jirau Arquitetura; e Igor Albuquerque, gerente de Mudanças Climáticas do Iclei (Local Governments for Sustainability). Todos atuam na área de projetos habitacionais e não habitacionais com menor impacto ambiental.