ARQUEOLOGIA

Governo promete R$ 1 milhão para Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí

Localizado no município de Raimundo Nonato, o parque arqueológico é importante polo de pesquisas e sofre com a falta de investimento

Editoria de Cidades
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Publicado em 18/08/2016 às 8:22
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Localizado no município de Raimundo Nonato, o parque arqueológico é importante polo de pesquisas e sofre com a falta de investimento - FOTO: Foto: Reprodução
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No dia seguinte ao anúncio da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham) de deixar a administração do Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, por falta de verbas, o Ministério do Meio Ambiente assegurou nessa quarta-feira (17) um repasse emergencial de R$ 1 milhão para o patrimônio. Localizado no município de Raimundo Nonato, o parque arqueológico é importante polo de pesquisas, muitas conduzidas por estudantes da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).

Por se tratar de um parque nacional, criado em 1979, sua gestão cabe ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), mas a tarefa é dividida com a Fumdham, coordenada pela arqueóloga Niède Guidon, desde 1986. O dinheiro, no entanto, tem de vir do governo.

Niède foi a primeira pesquisadora a investigar as cerca de 30 mil pinturas rupestres existentes no local e, desde então, ela cuida do parque. Há anos ela ameaçava sair de lá porque os recursos nunca vinham como deveriam.

Na segunda-feira (15), o Tribunal Regional Federal do Piauí rejeitou a liberação de R$ 969 mil em verbas bloqueadas na Caixa Econômica Federal. Ao saber da decisão, Niède decidiu paralisar os serviços da fundação.

“Retiraram uma série de funcionários indispensáveis. O parque está funcionando, mas sem cobrar entrada, já que eles faziam esse trabalho”, explicou a analista ambiental do ICMBio, Melina Andrade. Para ela, o prejuízo vai além do trabalho operacional. “São quase 40 anos de atuação. Manutenção e conservação eram feita por eles, que mantiveram o patrimônio intacto. Esse rompimento tem um significado histórico para todo o País.”

Para o professor de arqueologia da Univasf, Mauro Farias, que atua há 12 anos no parque, o rompimento da parceria traz consequências inestimáveis. “É um baque muito grande. A Fundham desenvolvia pesquisas que mudaram o panorama da história. As pessoas só preservam o que conhecem, e eles mostraram que a nossa história começou há 48 mil anos, e não com os portugueses.”

Mauro Farias afirmou ainda que a grande dificuldade do parque é a interrupção sistemática de verbas. “É difícil ter o mínimo de logística quando o dinheiro chega um mês sim, três não.”

Com 129 mil hectares, o parque reúne pinturas rupestres que datam de 12 mil anos. Entre os achados mais importantes está o crânio de Zuzu, considerado o mais antigo do Brasil, com mais de 10 mil anos.

Apesar da promessa do governo, a Fumdham ainda não se pronunciou sobre voltar a atuar na Serra da Capivara. Ontem Niéde não foi localizada por telefone para falar sobre o assunto.

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