Até o próximo verão, em dezembro, moradores e turistas que visitarem a Praia de Suape, no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, deverão contar com um trecho maior de areia, atualmente reduzida por conta da erosão marinha. Uma obra que envolve contenção do mar e engorda da praia está sendo realizada pela iniciativa privada com o anuência de órgãos ambientais das três esferas governamentais (municipal, estadual e federal).
O serviço, custeado pelo Vila Galé Eco Resort do Cabo, começou nove meses atrás, com a colocação de uma mureta de proteção feita por troncos de coqueiros. A barreira tem cerca de dois metros de altura e 800 metros de comprimento. Foi a primeira fase da obra, já encerrada. A segunda etapa começou dez dias atrás e prevê a construção de oito espigões de madeira que serão cobertos por areia.
“Toda a obra de recuperação está devidamente autorizada pelas entidades ambientais. Os espigões vão repor a beleza que a Praia de Suape tinha antes. Cada espigão terá 30 metros de extensão. Entre um e outro haverá a distância de 50 metros. Depois será feita uma engorda mecânica, utilizando a areia do pontal”, explica o gerente geral do Vila Galé, Simão Teixeira.
Assim que o trabalho for concluído, os espigões ficarão embaixo da terra, cobertos. “Hóspedes, moradores e visitantes voltarão a desfrutar da praia, como antigamente”, observa Simão. Os órgãos que consentiram a intervenção foram Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, Marinha do Brasil, Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A administração do Porto de Suape foi comunicada por meio de um ofício.
Simão Teixeira não informa o valor que está sendo empregado no serviço. “São alguns milhões”, limita-se a dizer. Segundo o gerente do resort, o projeto tem assinatura do geólogo e professor Valdir Manso, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), do também geólogo e professor Elírio Toldo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) e da arquiteta e engenheira ambiental Maria Antonieta Cavalcanti.
Em abril, a comunidade de Suape (moradores, pescadores, marisqueiros e empreendedores) foi convidada a participar de uma reunião para entender a obra. O Vila Galé existe há 21 anos e tem capacidade para receber 700 pessoas, de acordo com Simão Teixeira. Há 300 quartos.
O presidente da CPRH, Eduardo Elvino, diz que a cada três meses, a partir do início da obra, a empresa responsável pelo serviço tem que apresentar um relatório informando como está a intervenção. “Baseado no que for comunicado, podemos realizar vistorias no local”, ressalta Elvino. Uma fiscalização está prevista para acontecer até a próxima semana.
O secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo do Cabo de Santo Agostinho, Moshe Caminha, explica que uma das exigências feita pelo município foi que não houvesse restrição no acesso de banhistas durante a obra e após. “O direito de ir e vir precisa ser assegurado”, enfatiza.
Claudionor Silva vende passeios de barco e aprova o reparo. “Se não fosse feito o mar avançaria mais”, comenta. “Não acho certo. O mar tem que se expandir. O homem é que está errado”, conta o pescador José João Hilário.