Pequenas porções de óleo invadiram as praias do Pontal do Cupe, Maracaípe e Pontal do Maracaípe, todas em Ipojuca, e cartões postais do Litoral Sul de Pernambuco. A substância foi encontrada em outras praias daquele município como Camboa, Toquinho, Merepe, Enseadinha, Cupe, Muro Alto e Serrambi. Até a tarde deste sábado (19), o óleo não tinha chegado a Porto de Galinhas.
O governador Paulo Câmara (PSB) sobrevoou, na manhã deste sábado, todas as praias atingidas pelo problema e criticou, mais uma vez, a omissão do governo federal no tratamento dessa questão. Anteontem, uma mancha enorme de óleo deixou um rastro preto na areia e no mar da Praia de Carneiros, em Tamandaré.
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Nas praias de Ipojuca, a “invasão” das pequenas porções de óleo veio com a maré alta por volta das três horas da manhã deste sábado. Uma hora depois do óleo chegar às praias, uma multidão de voluntários formados por bugueiros, guias turísticos, moradores do local, turistas, funcionários de hoteis e até donos de pousadas começaram a retirar a substância misturada com a areia, numa ação concentrada nas praias Pontal do Cupe, Pontal do Maracaípe e Maracaípe.
“Estou desde às 4 horas da manhã coletando óleo. Coloquei o meu buggy à disposição. Muita gente aqui hoje não trabalhou neste sábado e fez o mesmo que eu. Sou nativo, dependo do turismo para sobreviver. E, mesmo quem não trabalha com os turistas, está engajado nessa luta que é de todos”, resumiu o buggueiro José Carlos Freire, que mora em Maracaípe. Por volta das 14 horas, o buggy dele arrastava um chico city com dois toneis cheios de óleo retirados – juntos com a areia – na Praia de Maracaípe.
A empresária Rose Reither também estava desde as quatro da manhã coletando o óleo em Maracaípe.
“Se chegar aqui, a gente tira. A comunidade está unida nessa causa”, contou. Ela é sócia de uma pousada - que preferiu não dizer o nome – e mora no local há 28 anos. Com o mesmo sentimento, a recepcionista Ana Rosa Nogueira dedicou o seu dia de folga a coletar o derivado de petróleo. “Só queria descobrir como esse óleo veio parar aqui. Não dá para entender uma destruição dessa”, afirmou.
O empresário Artur Maroja também estava no mutirão de Pontal do Cupe. “Há vestígios de óleo fragmentado em toda a praia. O único lado bom dessa tragédia é perceber o sentimento de pertencimento que as pessoas tem com essas praias. E ver tanta gente diferente e até turista estrangeiro coletando o óleo, como ocorreu mais cedo”, disse. Ele é sócio de dois hoteis e uma parte dos funcionários dos seus estabelecimentos estavam na praia colhendo o óleo. Outros hoteis fizeram o mesmo. E, por isso, foi muito comum, encontrar funcionários com as fardas dos estabelecimentos com pás e luvas apanhando a substância.
Quentinhas de solidariedade
Os voluntários enchiam os sacos, que eram colocados em toneis e transportado por tratores que passavam nas praias de Maracaípe e Pontal do Cupe. E, ao contrário de outras situações de emergência, não faltaram material nem assistência aos voluntários. Uma casinha da Vila de Todos os Santos se transformou no quartel general do Comitê de Crise de Ipojuca. Lá, chegaram 2 mil luvas, 2 mil máscaras e 200 pares de botas. Até às 15 horas de ontem, foram recolhidos 200 toneis de 200 litros de óleo (com areia), correspondendo a 4 toneladas do produto (que foi recolhido junto com a areia).
Os hoteis e restaurantes das praias de Ipojuca também doaram lanches e quentinhas com almoço para os voluntários que estavam coletando o óleo. O secretário de Meio Ambiente de Ipojuca, Erivelto Lacerda, disse que ainda há risco da chegada do óleo a Porto de Galinhas, o maior destino de praia de Pernambuco. “Pode ser que isso ocorra na próxima maré alta prevista para as 18 horas deste sábado. O nosso mar está entregue as manchas de óleo que podem chegar a praia ou não. Continuamos em alerta total. É uma vergonha o que o governo federal está fazendo com a gente”, criticou. “O que nos surpreendeu foi a quantidade de gente. Começamos com centenas de pessoas, mas hoje veio mais gente”, contou. Participaram do mutirão filiados da Associação dos Jangadeiros de Ipojuca, os representantes de Organizações Não Governamentais (ONGs), fuzileiros navais da Marinha, servidores do Exército, da Prefeitura do município, entre outros.