Da sala de aula para cidades do interior. É assim que alunos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) vão passar parte das férias: dividindo o que aprenderam na instituição com moradores de vários cantos do Estado. O projeto UFPE no Meu Quintal começou esta semana no município sertanejo de Tabira, distante 405 quilômetros de Recife. Até sexta-feira, 48 jovens de 18 graduações vão ministrar cursos e capacitações para mais de mil pessoas. A ação vai se repetir em outras cidades.
“Pretendemos realizar o projeto duas vezes por ano, nas férias. Já temos prefeituras interessadas em nos receber. A universidade banca o transporte e o município oferece alimentação e alojamento em escolas”, explica a pró-reitora para Assuntos Estudantis da UFPE, Ana Cabral. Foram definidos cinco eixos temáticos: cultura; saúde e educação; tecnologias sociais e desenvolvimento humano; Justiça e cidadania e meio ambiente.
“Nossos alunos foram estimulados a participar. Cada um teve liberdade para propor a oficina que gostaria, a partir dos conhecimentos que obteve na universidade”, diz Ana Cabral. “Nossa ideia é estimular principalmente os estudantes que são do interior a voltarem para suas cidades de origem e mostrarem o que aprenderam”, observa a pró-reitora.
Foi exatamente o que aconteceu com a aluna Rayanne Alves, 24 anos, do 7º período de engenharia naval. Ela deixou Tabira para, sozinha, morar no Recife e cursar a graduação. Vive na Casa do Estudante Feminina, no bairro de Engenho do Meio, vizinho à Cidade Universitária. No UFPE no meu Quintal está ministrando uma oficina voltada para adolescentes do ensino médio e professores.
“É uma alegria grande voltar para Tabira. Vou explicar para outros jovens, que estão prestes a entrar na universidade, que é possível estudar longe de casa, mesmo sem condições financeiras. Na UFPE há residência universitária, bolsas de apoio, alimentação”, observa a estudante, beneficiada por essas iniciativas.
As 27 oficinas estão ocorrendo na Escola Municipal Professor José Odano, no Ginásio Municipal, no Clube Campestre, na Academia da Cidade, no Centro de Convivência e até num abrigo, o Lar dos Idosos. Também nos distritos de Borborema e Brejinho, que ficam na zona rural.
“É uma ótima oportunidade para quem mora no interior e nem sempre tem acesso a bons cursos. Estou fazendo o de primeiros socorros, é muito interessante”, afirma a autônoma Socorro Veras, 37. “Vou participar de três oficinas, de reaproveitamento de alimentos, de informática e da natação”, conta a estudante Camila Amaral, 15.
“O projeto representa a essência da extensão universitária. É a ponte direta entre o conhecimento acadêmico e a população, ao mesmo tempo que traz para a universidade os saberes populares”, destaca o coordenador da ação, José Eduardo Garcia.