Há 83 anos o dirigível Zeppelin pousava no Campo do Jiquiá

Torre foi erguida no local onde ainda existe parte das edificações da casa de gás que abastecia a aeronave e oito paióis
Maiara Melo
Publicado em 22/05/2013 às 6:18
Torre foi erguida no local onde ainda existe parte das edificações da casa de gás que abastecia a aeronave e oito paióis Foto: NE10


O gigante alemão Graf Zeppelin aportava pela primeira vez em solo pernambucano às 19h28 do dia 22 de maio de 1930. Quase 20 mil admiradores compareceram ao Campo do Jiquiá, na Zona Oeste do Recife, para assistir ao pouso do dirigível que cortava o céu, proveniente da Sevilha, na Espanha. Do evento, 83 anos depois, além das fotos, resta a torre de atração aeronáutica: a primeira estação para dirigíveis da América do Sul e o único equipamento do tipo que resistiu aos efeitos do tempo. Parte importante da história, que mal é conhecida pelo povo recifense.

Recentemente restaurada, a chamada Torre do Zeppelin, a única no mundo, está localizada no mesmo lugar em que foi erguida, no Campo do Jiquiá, área de 54,5 hectares no centro de um conjunto de bairros – Mustardinha, Jardim São Paulo, Estância, Areias, San Martin, Mangueira e Jiquiá. Lá, ainda está parte das edificações das Casas de Gás, onde a aeronave era reabastecida, e oito paióis, que guardavam as munições utilizadas na Segunda Guerra Mundial. “É um lugar rico em história. No entorno, futuramente, estará o Museu do Zeppelin, um planetário e tantos outros espaços que contarão, com um rico acervo, a história do dirigível”, explicou o restaurador e colecionador Jobson Figueiredo.

A primeira etapa da restauração levou quase seis meses para ser concluída. “A torre estava muito enferrujada. Mas há pouco mais de um mês o trabalho foi concluído”, contou Jobson. Ele coleciona objetos e estuda a história do criador do dirigível, Ferdinand Graf Von Zeppelin, e da criatura. “O Zeppelin não pousaria no Recife, de imediato. Mas o capitão Lehhmann e o comandante Hugo Eckener preferiram adiar a chegada ao Rio de Janeiro, o destino real, porque já era noite”, explicou.

O Campo do Jiquiá também foi o local do último voo do Zeppelin, nas suas constantes travessias do Atlântico Sul, em 4 de maio de 1937. Por lá, também passou o Hindenburg, semelhante ao Zeppelin, só que em maiores dimensões. Foi assim que a capital pernambucana ganhou grande importância no comércio direto, entre a América do Sul e a Europa.

Ainda na gestão do prefeito João Paulo (2001-2009), foi iniciada a discussão sobre a preservação do Campo do Jiquiá. Em 2009, o projeto foi levado para aprovação presidencial, que só veio ser assinada em 2011, transformando o campo em Parque Científico e Cultural do Jiquiá. “Mas só foi em 2012 que eu comecei a trabalhar na restauração da torre, concluída há pouco. Na próxima semana, vou entregar os paióis, também restaurados”, informou Jobson Figueiredo.

O projeto é uma parceria entre os governos federal, estadual e municipal. “A obra é de extrema importância. Na Alemanha, se compram cartões postais no Museu do Zeppelin, das fotos dele aqui no Recife. Coisa que nossa cidade não tem”, lamentou Jobson.

Não há previsão de quando as obras do parque serão iniciadas. O projeto executivo, que deveria ter sido entregue em novembro do ano passado, não foi concluído por falta de verbas. “Precisamos de aproximadamente R$ 50 mil, para concluirmos esta etapa. E só então que vamos tentar captar recursos que serão aplicados na obra”, informou o secretário-executivo de Desenvolvimento e Planejamento Urbano do Recife, Gustavo Costa. “O dinheiro não foi liberado porque existe um cronograma financeiro, que prioriza outras obras”, acrescentou.

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