A partir desta quinta-feira (18), o Museu do Estado de Pernambuco tem uma nova feição. Não externamente, pois o casarão tombado preserva suas fachadas antigas. Para ver e sentir a mudança, é preciso entrar no Solar Imperial das Graças, na cidade do Recife, agora ambientado como a moradia de uma família da aristocracia pernambucana do século 19 e com acesso pela porta principal, voltada para a Avenida Rui Barbosa.
Lá dentro, no andar térreo, o visitante vai encontrar salas de estar mobiliadas com cadeiras e marquesão de madeira, com assentos de palhinha indiana, além de porcelanas Vieux Paris (jarros, jarras de água, fruteiras). Na sala de jantar, o destaque é uma mesa de 4,5 metros de comprimento por 1,30 metro de largura, coberta com toalha bordada branca e posta para um banquete, com 14 lugares.
“O público vai ouvir sons de pessoas conversando e sentir o cheiro de comidas da época. Fizemos pesquisa para saber o que se falava à mesa”, diz o historiador Pablo Lucena, do Museu do Estado. Saindo da sala de jantar, o público é convidado a subir as escadas (preste atenção no vitral do teto, todo colorido) e conhecer o primeiro pavimento, construído no século 20.
A Sala das Figuras tem as paredes decoradas com quatro quadros retratando Dom Pedro I, Maria Leopoldina, Dom Pedro II e Teresa Cristina, e leva à Sala Europa, que exibe móveis, objetos de decoração, um piano meia cauda, uma harpa, mesa de chá e quadros do pintor recifense Telles Júnior (1851–1914). Há vasos franceses e alemães, estatuetas inglesas e marquesão (sofá) português.
Um quarto de dormir com a cama que pertenceu ao comerciante e político Gervásio Pires (1765–1838) representa a vida íntima dos aristocratas do século 19. Oratórios e imagens de santos compõem a Sala Devoção. “Essa é uma tradição que se perpetua até hoje. Ter oratórios em casa era comum porque, apesar da grande quantidade de igrejas no Recife, os deslocamentos nem sempre eram fáceis”, observa André Gomes, também historiador do museu.
De acordo com André, no século 19 as casas da cidade começaram a se abrir para bailes, numa moda típica da Europa. “Entre a elite, havia o hábito de reproduzir, nas residências, espaços públicos como jardim e chafariz.” A ideia é repassar todo esse modo de viver ao visitante, para que ele se sinta no século 19, destaca a diretora do museu, Maria Digna Pessoa de Queiroz.
O Museu do Estado funciona, desde 1940, na antiga residência de verão do Barão de Beberibe (Francisco Antônio de Oliveira, 1788–1855). O casarão, de 300 metros quadrados, passou dois meses fechado para a arrumação e reabre às 18h desta quinta-feira (18), para convidados. As visitas serão retomadas sexta-feira (19). O museu funciona de terça a sexta-feira, das 9h às 17h, e nos fins de semana, das 14h às 17h. O ingresso custa R$ 5 (inteira) e R$ 2,50 (meia).
A obra, no valor de R$ 1 milhão, tem recursos da Petrobras, captados pela Sociedade dos Amigos do Museu. O serviço completo (ainda falta a pintura externa e detalhes) só termina em abril de 2015. Agendamentos podem ser feitos pelo telefone 3184-3174.