Atualizada às 10h46
Um grupo de moradores da Comunidade Cacique Chicão realizam uma passeata pelas ruas do Recife, na manhã desta quarta-feira (18). O grupo de cerca de 100 pessoas fecharam a Avenida Recife, no Ipsep, Zona Sul do Recife, por volta das 8h20, e seguem em direção à sede da Justiça Federal, um percurso de 5 quilômetros. A comunidade foi comunicada no dia 23 de fevereiro sobre uma decisão judicial que os obriga a deixar, até o dia 23 deste mês, o local onde vivem nas proximidades do Aeroporto Internacional dos Guararapes, na Zona Sul da capital pernambucana.
Os rumos da Comunidade Cacique Chicão estão sendo discutidos em uma audiência na sede da Justiça Federal em Pernambuco. O mandado de citação e intimação foi expedido pela 12ª Vara Federal de Pernambuco. Além de 10 representantes dos moradores da comunidade, participam da audiência o Ministério Público Federal (MPF), a Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab), o Governo do Estado e a Prefeitura do Recife.
O terreno ocupado irregularmente pertencia à extinta Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e agora é da União, solicitante da reintegração de posse juntamente com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), pois as famílias estão em uma área utilizada pelo Aeroporto Internacional do Recife. Os barracos levantados pelas famílias ficam próximos à cabeceira da pista do aeroporto e, segundo a Infraero, o risco de acidentes é grande. Além deste problema, a área é considerada de segurança nacional.
Desde que chegaram ao terreno, as famílias têm feito sucessivos protestos, em geral queimando entulhos e pneus na Avenida Recife, com o objetivo de exigir moradias para o grupo. Segundo a Secretaria de Habitação da Prefeitura do Recife, por se tratar de uma área Federal, o executivo municipal não seria responsável por elaborar um projeto habitacional para os ocupantes, mas estaria disposta a realizar um levantamento dos moradores do local para encaminhá-lo ao governo federal.
Existente há cerca de dois anos, a Ocupação Cacique Chicão recebeu este nome para homenagear o líder Xucuru assassinado em 1998, famoso por lutar contra a tomada de terras que deveriam estar em poder dos índios por posseiros e latifundiários.