Histórias que ressurgem nos arquivos do IML

Pesquisa inédita ajuda a jogar luz sobre casos emblemáticos ocorridos no Estado
Felipe Vieira
Publicado em 28/03/2015 às 18:42
Foto: NE10


Infográfico

Verdades Guardadas

O ano de 1966 foi o mais violento da década de 1960 em Pernambuco, com 121 homicídios registrados para uma população, na época, de 5 milhões de habitantes. Quase 50 anos depois, a população do Estado praticamente dobrou, mas as mortes violentas – 3.463 em 2014 – foram multiplicadas por 30. A famosa Menina sem nome, cujo túmulo é um dos mais visitados do Cemitério de Santo Amaro, na área central da cidade e a quem se atribuem graças, não foi morta por afogamento, jamais sofreu violência sexual e não conseguiu se defender do seu agressor. Os registros de óbito do militante de esquerda Ezequias Bezerra da Rocha, morto em 1972 durante a ditadura militar, no município de Escada, Zona da Mata Sul, só foram localizados 41 anos depois, graças ao médico-legista que escreveu o laudo à mão e o escondeu bem longe do alcance dos militares. Não se sabe se intencionalmente.

Os detalhes dessas e de muitas outras histórias estão vindo à tona devido a uma pesquisa conduzida pela historiadora Carolina Cahu, do Arquivo Público de Pernambuco. Há dois anos ela e uma equipe de cinco pessoas se debruçam sobre os arquivos do Instituto de Medicina Legal (IML) do Estado. O material estava largado desde 2004 em um galpão no prédio anexo do Arquivo Público, na Rua Imperial, no bairro de São José, Centro do Recife. São laudos das mortes ocorridas no Estado entre os anos de 1925 e 1979, além de exames sexológicos, toxicológicos e de lesão corporal. Caixas e mais caixas de papéis que relatam de que forma terminou a vida de milhares de pessoas ao longo dos anos. Os documentos estão sendo higienizados, catalogados e digitalizados para consulta pública no futuro. O trabalho é fruto de parceria do Arquivo Público com a Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe). Ao longo das próximas semanas, o Jornal do Commercio mostrará o que os laudos trazem de novo para casos emblemáticos no Estado.

TAGS
IML Menina Sem Nome crime crime brutal arquivo público
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory