Busto de herói pernambucano volta ao Porto do Recife

Estátua do prático Nelcy Campos, com 80 centímetros de altura, está em frente ao Terminal Marítimo de Passageiros
Da editoria de Cidades
Publicado em 30/05/2015 às 9:00
Estátua do prático Nelcy Campos, com 80 centímetros de altura, está em frente ao Terminal Marítimo de Passageiros Foto: Foto: Bianca Bion/Especial JC Imagem


O busto do prático Nelcy da Silva Campos, responsável por evitar uma grande explosão que varreria do mapa parte da Zona Sul e do Centro do Recife em 1985, voltou a ser exposto. A peça de 80 centímetros e 70 quilos feita em mármore passou por uma reforma pelas mãos do artista que a executou, Demétrio Albuquerque, e foi reinaugurada na manhã de ontem no Terminal Marítimo de Passageiros. A solenidade contou com a presença de familiares, amigos, autoridades e apresentação da banda da Marinha. A estátua passou dois anos guardada por causa da reforma do porto e, enfim, voltou ao seu lugar, resgatando parte importante da história do Estado desconhecida por muitos.

O evento aconteceu 30 anos após o episódio que colocou parte da cidade em risco. Na madrugada do dia 12 de maio de 1985, o navio petroleiro Jatobá, que estava atracado no Porto do Recife e carregava 1.500 toneladas de gás butano, foi atingido por um incêndio provocado pela explosão de um dos três tanques de gás CLT a bordo. Uma nova explosão poderia atingir o Parque de Tancagem do Brum, localizado a 500 metros da área, onde estavam armazenados 150 mil metros cúbicos de produtos inflamáveis. O acidente destruiria tudo em um raio de cinco quilômetros, atingindo bairros como o do Recife, Santo Antônio, Boa Vista, Brasília Teimosa e Pina. O prático evitou a catástrofe, rebocando o petroleiro para alto-mar, onde as chamas se extinguiram sozinhas.

Várias pessoas discursaram em homenagem ao herói, a exemplo de um dos filhos dele, Nelcy Campos. “Meu pai será reconhecido mais uma vez. O busto é muito importante, porque as novas gerações poderão saber um pouco mais sobre parte da história de Pernambuco.” O prático Roberto Abreu Lima, 63 anos, era colega do herói e relembra o ato de coragem. “Convivemos por 15 anos. Ele era expansivo, alegre, gostava muito de trabalhar e se voluntariou para tirar o navio do cais. Amarrou as cordas no Jatobá, com apoio de outros colegas, e o levou para o alto-mar. Estávamos muito apreensivos com a possibilidade de uma grande explosão acontecer”, relata.

O Porto do Recife está à procura de espaço para expor outras peças do acervo. Segundo o presidente Olavo de Andrade Lima, o projeto da criação de um museu está em análise. “Há dois meses, museólogos e arqueólogos fazem levantamento do nosso acervo, que compreende de documentos antigos a armazéns. Muitos objetos estão guardados, mas queremos deixá-los ao alcance do público. O porto foi e é muito importante para a cidade. Estamos analisando como faremos isso”, afirma.

Nelcy Campos trabalhou 25 anos como prático e morreu de uma doença crônica, dia 27 de setembro de 1990, aos 59 anos.

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