Frei Damião de Bozzano, o frade capuchinho conhecido pelas missões que fazia no Nordeste brasileiro, recebeu homenagens neste domingo (31) pelo 18º aniversário de sua morte, no Convento de São Félix de Cantalice, localizado no Pina, bairro da Zona Sul do Recife. “Para mim, ele já é um santo e vai me proteger”, declara Joana Maria Lopes, 81 anos, dizendo que torce pela canonização do religioso. O pedido está sendo avaliado pelo Vaticano.
Transformado em santuário, o convento do Pina abriu as portas aos romeiros desde quinta-feira passada (28), com uma série de eventos para reverenciar o frade italiano que nasceu em 1898 e morreu em 31 de maio de 1997, no Recife. Segundo os capuchinhos, cerca de 60 mil pessoas passaram pelo santuário, onde frei Damião encontra-se sepultado, de quinta-feira ao domingo.
“Venho todos os anos para agradecer pelas graças alcançadas”, afirma a dona de casa Luciana Cavalcanti, moradora de Paulista, município do Grande Recife. Ela credita a frei Damião as melhoras de saúde do filho Saulo José, quando o rapaz fazia tratamento para problemas nos rins. “Meu filho passou três meses na UTI, entubado e desenganado pelos médicos. Pedi e fui atendida. Saulo recebeu alta e saiu daquela situação. Infelizmente, o coração não aguentou e ele morreu em julho passado (2014)”, relata.
Luciana disse que não participou de missas e procissões com o frade, mas conversava com ele no convento do Pina. “Quando eu chegava, ele perguntava logo se eu era casada. Frei Damião não aceitava duas pessoas morando juntas sem o casamento”, recorda. “Não fui ao enterro porque quando ele morreu meu filho, que ainda era uma criança, estava internado. Mas meu marido participou”, acrescenta.
Espírita kardecista, Marilene Santos esteve no santuário domingo (31) à tarde, debruçou-se sobre o túmulo do religioso e agradeceu a cura de um câncer de mama. “Além de agradecer, pedi para ele olhar por mim e por todos os outros necessitados”, diz ela. “Sou espírita, mas respeito as diversas religiões. Deus está em todos os ambientes onde existe o sentimento de amor e perdão, isso independe do lugar onde você esteja”, comenta.
Marilene visitou o convento pela segunda vez e disse que recorreu ao capuchinho por orientação da irmã, seguidora da religião católica. “Frei Damião é um espírito iluminado”, destaca. A doméstica Francisca Maria da Conceição informa que não costuma ir ao santuário todos os anos. “Hoje (31 de maio), vim pedir por amigas que estão doentes, internadas em hospital ou em casa”, diz ela.
Romeiros e devotos acompanharam as homenagens com reza, louvor e música. Frades também ficaram à disposição do público para ouvir confissões individuais. Pela manhã, o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, celebrou missa no local.