O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural decide, na próxima quinta-feira (11), se aprova ou não o pedido de tombamento de jardins de praças públicas do Recife projetadas, recuperadas ou reformadas pelo paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994). A reunião será realizada na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Brasília, das 10h às 19h.
Compõem a lista os jardins das Praças de Casa Forte (primeiro projeto de jardim público de Burle Marx, datado de 1935), Euclides da Cunha (o cactário da Madalena, na frente do Clube Internacional), do Derby, da República e Jardim do Campo das Princesas (Centro), Ministro Salgado Filho (acesso ao antigo prédio do aeroporto, no Ibura) e Faria Neves (Dois Irmãos).
O pedido de tombamento foi apresentado pelo Laboratório da Paisagem do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 2008. Nesses sete anos, enquanto aguardava o resultado final, a instituição concluiu o inventário dos jardins de Burle Marx no Estado, produziu uma cartilha e participou, com a prefeitura, da restauração de quatro praças.
“Na verdade, o trabalho de restauração começou antes, com a Praça Euclides da Cunha em 2004 e a Praça Faria Neves em 2006”, diz Ana Rita Sá Carneiro, coordenadora do Laboratório da Paisagem. Também passaram por intervenções, sempre respeitando o desenho do paisagista, as Praças do Derby (2008), Ministro Salgado Filho (2013) e Casa Forte (recuperação dos lagos em 2014).
Ana Rita, a secretária de Meio Ambiente do Recife, Cida Pedrosa, e um representante da superintendência estadual do Iphan acompanharão a reunião do Conselho Consultivo. “Se o pedido for aprovado, o Recife será a primeira cidade brasileira a ter um conjunto de jardins tombados. É um compromisso grande nosso”, destaca a arquiteta.
O superintendente do Iphan em Pernambuco, o engenheiro Frederico Almeida, disse que o processo de tombamento dos jardins de Burle Marx no Recife “está muito rico e muito bem instruído”, com levantamento histórico e arquitetônico de cada uma das praças. “Não é um pedido simples, as áreas de proteção do entorno também são levadas em consideração”, diz ele.
De acordo com o engenheiro, os próximos passos (após a aprovação no conselho) são a homologação pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira, e a inscrição definitiva no livro de tombo. Os jardins protegidos não podem ser descaracterizados e precisam de aprovação do Iphan para passar por qualquer intervenção.
O conselho é formado por 23 integrantes representando o Instituto dos Arquitetos do Brasil, Conselho Internacional de Monumentos e Sítios, Sociedade de Arqueologia Brasileira, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Ministérios da Educação, das Cidades e do Turismo, Instituto Brasileiro dos Museus, Associação Brasileira de Antropologia e outros representantes da sociedade civil, com conhecimento no campo de atuação do Iphan.