Após 6 horas sem ônibus, os motoristas e cobradores voltaram a circular pelas ruas do Recife e Região Metropolitana na manhã desta segunda-feira (3). Os coletivos começaram a sair das garagens e terminais por volta das 10h. Neste período, muitos passageiros que saíram cedo de casa foram surpreendidos com a falta de transporte coletivo. Cerca de dois milhões de pessoas são prejudicadas com a paralisação.
De acordo com o assessor de comunicação do Sindicato dos Rodoviários, Genildo Pereira, 100% da frota de ônibus saiu das garagens para fazer o transporte daqueles que dependem dos coletivos. Os motoristas, no entanto, afirmam que uma nova paralisação será realizada das 16h às 20h desta segunda, mas o sindicato nega. "Já na terça-feira, às 14h, os rodoviários vão sair Praça Oswaldo Cruz, no bairro da Boa Vista, com destino ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT), no Cais do Apolo", completou Genildo Pereira.
Nesta manhã, quem procurou pelos coletivos nas paradas, enfrentou longa espera e ônibus cheios. "Na Integração Tancredo Neves não há um ônibus sequer, as pessoas que conseguiram chegar estão sentadas no meio fio, outras muitas se concentram do lado de fora, acredito que esperando carona ou transporte complementar", comentou Ítalo Vicente na página do JC no Facebook.
No início desta manhã, os ônibus do Bus Rapid Transit (BRT) também não circularam, com estações vazias ao longo dos corredores. A exceção são as nove linhas do Sistema Complementar, que funcionaram normalmente, embora não tenham suprindo a demanda. Quem preferiu pedir táxis também precisou ter paciência. Tanto nos aplicativos quanto nas empresas de rádio-táxi, o registro de indisponibilidade foi grande, de acordo como o relato dos usuários.
Ainda segundo o sindicato, o departamento jurídico da entidade entrou com uma ação contra a decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) de suspender reajuste salarial dos rodoviários. O TST reduziu, na última sexta-feira (31), o reajuste de 12% nos salários e 59,57% no vale-alimentação para 9%, para ambos. A redução atende a recurso apresentado pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE).
Por meio de nota, a Urbana-PE repudiou o movimento "realizado sem nenhum fundamento legal e sem qualquer comunicação prévia às empresas e à sociedade". Segundo o presidente da Urbana-PE, Fernando Bandeira, alguns motoristas foram até as garagens para trabalhar, mas foram impedidos por outros funcionários. "Eles fazem piquetes e através desses piquetes eles amedrontam os motoristas que querem ir trabalhar. Eu acho isso um absurdo principalmente quando se deixa toda uma população no meio da rua sem nenhum tipo de transporte", afirmou o presidente.
Fernando Bandeira afirmou que a proposta foi feita para que não houvesse movimento paredista, mas a categoria não aceitou, então o processo foi judicializado. Em nota, a Urbana-PE afirmou que "a decisão do TST se deu dentro das regras legais e do uso democrático do processo, tendo respondido à solicitação, legal e legítima, de revisão dos percentuais de aumento concedidos este ano pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT-6) por ocasião do julgamento do dissídio, face à total incapacidade do setor econômico de cumprir o que foi determinado".