Marcado pela polêmica e pela discórdia desde o início da obra de construção, o Parque Dona Lindu, na Zona Sul do Recife, mais uma vez é colocado na berlinda com o abaixo-assinado virtual que propõe a troca do nome da área de lazer para Parque Boa Viagem. Enquanto a petição on-line contava com 11.402 apoiadores nesta quarta-feira (11), pesquisa realizada pelo Instituto Maurício de Nassau constatou que os recifenses são contrários à mudança.
De um total de 642 entrevistados, 95% já ouviram falar no parque, localizado à beira-mar de Boa Viagem. Desse universo, 60,1% responderam que já frequentaram o local e 46,6% sabem quem é Dona Lindu. Na opinião de 74,7% dos 46,6% que reconhecem Dona Lindu (Eurídice Ferreira de Melo) como a mãe do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, o parque não deve ter o nome alterado.
Apenas 9,5% dos que sabem quem é Dona Lindu concordam com a troca do nome, pelos seguintes motivos: o parque deveria homenagear alguém importante para o Recife ou Pernambuco; por causa dos escândalos e corrupções envolvendo o nome de Lula; é em homenagem à mãe do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; a mãe de Lula não fez nada por Pernambuco; sem história; porque é estratégia política; e porque deve homenagear o nome da cidade.
O mesmo grupo sugere outras denominações para o parque – Boa Viagem, Eduardo Campos, Ariano Suassuna, Oscar Niemeyer, Mestre Vitalino, Miguel Arraes, Nossa Senhora da Conceição, Pelópidas Silveira e Beira-Mar. A pesquisa foi realizada em 3 e 4 de maio de 2016, por amostragem.
Projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), o parque ganhou um memorial dedicado aos retirantes, do artista plástico Abelardo da Hora (1924-2014), numa referência à família de Lula. A primeira etapa foi inaugurada em 30 de dezembro de 2008, com a presença de Lula e sob protestos de moradores de Boa Viagem, que preferiam uma área verde. Na ocasião, o então presidente chegou a comentar: “Se, ao invés de uma mulher retirante e seus filhos colocassem uma aristocrata pernambucana, não teria havido protesto.”
JUSTIÇA
A construção do parque teve início em 2008 e terminou em 2011, após a Prefeitura do Recife enfrentar oito ações na Justiça. A obra custou R$ 37 milhões, valor considerado alto pela população, para uma cidade com tantos problemas sociais. A área de lazer ocupa um terreno de 33 mil metros quadrados que pertencia à Aeronáutica e foi cedido ao município pelo governo federal.
O Dona Lindu é composto de playground, pista para prática de cooper e skate, quadra poliesportiva, área para ginástica, Teatro Luiz Mendonça com capacidade para 587 pessoas sentadas e Galeria Janete Costa.
A petição on-line, sugerindo a troca do nome, está abrigada no site change.org, voltado para a criação de qualquer tipo de abaixo-assinado, desde 26 de abril de 2016. A meta é alcançar 15 mil assinaturas.