Novo gestor vê urgência em garantir operacionalidade e segurança no Metrô do Recife

Falta de recursos é principal problema, mas aumento de tarifa está descartado a curto prazo
Cidades
Publicado em 27/05/2016 às 7:36
Falta de recursos é principal problema, mas aumento de tarifa está descartado a curto prazo Foto: Cristiano Antonio/Twitter


Um dia após nomeado superintendente interino do Metrô do Recife, o engenheiro mecânico Leonardo Villar Beltrão, já teve de encarar um de seus principais desafios: as constantes falhas operacionais motivadas por falta de investimentos. Um vazamento na bolsa de ar de um trem que fazia a linha Camaragibe-Centro paralisou o sistema por  mais de duas horas, entre 7h30 e 9h40. Cerca de 2,6 mil usuários precisaram andar pelos trilhos (que tiveram a energia desligada), entre as estações Barro e Werneck. Houve protesto. “A operacionalidade e a segurança no metrô são as questões mais urgentes a serem tratadas”, avalia Beltrão.

Tendo atuado nas gerências de manutenção e de obras da empresa, Beltrão conhece de perto a degradação do sistema. “O problema maior é a falta de material. Sem os recursos necessários há anos, a situação vem se agravando. Dos 15 trens novos, dois estão parados por falta de peças e são usados para consertar outros. Temos de solucionar isso”.

Embora o orçamento previsto para este ano seja de apenas R$ 51 milhões, quando o necessário seria R$ 104 milhões, o gestor acredita em um futuro melhor. “O ministro (das Cidades, Bruno Araújo), está preocupado com a situação, estou fazendo um levantamento para podermos planejar soluções, em conjunto com os metroviários”, afirma. “O metrô do Recife é o terceiro maior do País, perde apenas para os de São Paulo e Rio de Janeiro. É um patrimônio que para ser montado hoje exigiria entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões. Ele está pecando em alguns pontos, mas tem um grande futuro”.

Mesmo a questão financeira sendo apontada como a maior causa para a degradação do sistema, o superintendente descarta um aumento de tarifa a curto prazo, até mesmo por uma questão social. “Primeiro precisamos melhorar o sistema para depois poder cobrar a mais”, destaca. 

Com relação ao quesito segurança – há registros constantes de assaltos, agressões e recentemente de mais um homicídio –, o gestor afirma que o contrato atual com os terceirizados estaria sendo destratado, também por falta de recursos, mas que ele iria retomá-lo ou fazer um novo. “Mas sabemos que o problema de segurança não é do metrô, ele é geral, é algo mais complexo e precisamos de apoio para resolvê-lo”.

Sem recursos assegurados, Beltrão defende a necessidade de recuperar a motivação dos metroviários e a credibilidade dos usuários. Para isso, foi conversar com os manifestantes ontem, reconhecendo os problemas e pedindo um voto de confiança. "Eles estão sem credibilidade pela degradação do sistema, é natural. Não vamos conseguir recuperar tudo em dois, três meses, e precisamos de apoio", conclui.


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