Uma simples viagem de ônibus transformou-se em um caso de intolerância religiosa e terminou em confusão em Olinda. O babalorixá Alexandre L´Omi L´Odò afirma ter sido constrangido por evangélicos quando circulava no coletivo que faz a linha TI Xambá/Encruzilhada, enquanto o veículo ainda estava parado no Terminal Integrado de Xambá, em Olinda, no Grande Recife.
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O caso aconteceu na noite do dia nove de junho. Alexandre estava sentado na parte traseira do ônibus, junto com o afilhado Henrique Falcão, quando um vendedor ambulante iniciou uma pregação religiosa evangélica. Um dos maiores terreiros da Região Metropolitana do Recife, fica justamente atrás do terminal, e o camelô teria ofendido o principal sacerdote do local, Pai Ivo de Xambá, além de criticar os adeptos de cultos de matriz africana.
Foi quando Alexandre interveio para defender não só Pai Ivo como toda a religião. Iniciou-se um intenso bate-boca no coletivo. Outros evangélicos se juntaram ao ambulante e um deles chamou o babalorixá para a briga, supostamente alegando que "ninguém toca em um filho de Jesus".
Alguns seguranças do terminal tentaram tirar Alexandre do coletivo. "Resisti, pois disse que tinha pago a passagem e que, ali, eu era a pessoa violentada", afirma. Após a desistência dos fiscais, o ônibus seguiu viagem. Ainda houve bate-boca, mas sem agressões físicas.
Alexandre recorreu ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) após ter sido avisado que haveria um decreto do Grande Recife Consórcio - empresa que gere o transporte coletivo na Região Metropolitana - proibindo o proselitismo religioso nos coletivos. "Não pensei em prestar queixa, não queria punir ninguém. Apenas alertar para um episódio de intolerância que não deveria ter acontecido e que poderia terminar de forma grave para mim", diz.
Em 2012, evangélicos tentaram invadir um terreiro, também em Olinda. O caso repercutiu bastante nas redes sociais. Veja o vídeo:
As imagens foram captadas pelo filósofo e babalorixá Érico Lustosa, vizinho do terreiro alvo dos ataques. Segundo ele, por pouco os evangélicos não invadiram o espaço. “Eles gritavam ‘Sai daí, satanás’ e forçaram o portão. Foi aí que me coloquei em frente ao portão e meu filho começou a gravar. Um deles gritou para a gente tomar cuidado, que ele era evangélico mas era também um ex-matador”, relembrou.