Patrimônio ferroviário

Livro conta a história da primeira ferrovia inglesa no Brasil

Publicação sobre a histórica ferrovia será lançada às 15 horas desta terça-feira (16) no Museu do Trem do Recife

Da Editoria Cidades
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Publicado em 16/08/2016 às 8:08
Foto:Cláudio Dubeux - Livro O fotógrafo Cláudio Dubeux/acervo IAHGP
Publicação sobre a histórica ferrovia será lançada às 15 horas desta terça-feira (16) no Museu do Trem do Recife - FOTO: Foto:Cláudio Dubeux - Livro O fotógrafo Cláudio Dubeux/acervo IAHGP
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Nesta terça-feira (16), a partir das 15h, o Museu do Trem do Recife abre as portas para o lançamento de um livro sobre a história da primeira ferrovia construída em Pernambuco e segunda implantada no Brasil. A Estrada de Ferro Recife-São Francisco foi inaugurada em 8 de Fevereiro de 1858 e ligava o Forte das Cinco Pontas à Vila do Cabo, atual Cabo de Santo Agostinho.

Projetada para diminuir as distâncias entre o litoral e o Agreste, a Recife and São Francisco Railway deveria chegar até o Rio São Francisco, precisamente às cachoeiras de Paulo Afonso (BA). Mas, depois do trecho inicial de 31,5 quilômetros de extensão (Recife-Cabo), a estrada parou em Palmares, município da Zona da Mata, com 125 quilômetros, um túnel e estações em Gameleira, Ribeirão, Joaquim Nabuco e Palmares.

“Calcularam mal o orçamento, o dinheiro acabou quando a obra estava em Palmares”, diz o historiador Josemir Camilo de Melo, autor do livro A primeira ferrovia inglesa no Brasil: The Recife – São Francisco Railway, publicado pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe). Pernambucano radicado em Campina Grande (PB) há 35 anos, ele pesquisou o assunto para a tese de doutorado defendida na Universidade Federal de Pernambuco em 2000.

Nas 332 páginas da publicação, Josemir Camilo faz um resgate da ferrovia, que teve a construção iniciada em 1855 pela empresa londrina. Ele mostra o progresso que representava a linha do trem, os desmatamentos provocados pela obra e as brigas que os britânicos compraram com senhores de engenho para levar o projeto adiante, ocupando as terras de cana-de-açúcar.

A companhia londrina comprava as áreas quase de graça e os proprietários de engenho recorriam à Justiça. “Mas os ingleses sempre levavam a melhor porque os governos imperial e provincial tinham interesse na abertura da estrada. O desempatador desses litígios era uma pessoa ligada ao governo e favorecia a empresa. O Engenho Limoeiro, por exemplo, virou uma estação de trem”, declara Josemir Camilo, professor aposentado da Universidade Federal de Campina Grande.

GREVE

Fundamentado em pesquisas realizadas no Arquivo Púbico Estadual Jordão Emerenciano (PE), Arquivo Histórico do Itamaraty (RJ), Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e London School of Economics, entre outras instituições, ele afirma que a primeira greve ferroviária no Brasil foi organizada por trabalhadores belgas em 1858. “Eles foram contratados por um preço na Europa e aqui receberam outro valor. Em protesto, pararam o trem.”

O cônsul belga, que era brasileiro e acionista da empresa, mandou prender os revoltosos, acrescenta Josemir Camilo. “Há controvérsias, mas esse movimento tem o perfil de um protesto operário, num País com predominância de trabalho escravo os gringos galegos pararam um meio de produção”, destaca. Em 1862, quando um maquinista mata uma mulher na linha do trem, eles organizam nova mobilização.

“Os belgas não queriam ser julgados pela lei brasileira, mas pela legislação inglesa, mais maleável para eles”, observa o pesquisador. Arrendada pela Great Western em 1900, a Estrada de Ferro Recife-São Francisco foi ampliada de Palmares a Garanhuns (Agreste) e ganhou um ramal para Estrada de Ferro Central de Alagoas, dando origem à Linha Sul, que liga o Recife a Maceió, diz André Cardoso, representante da ONG Amigos do Trem.

Vinculado ao Museu do Trem (Estação Central, no bairro de São José), André Cardoso informa que o lançamento do livro é uma das atividades que serão realizadas pelo museu para a 9ª Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco.

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