Patrimônio Ferroviário

Camaragibe quer reabrir estação ferroviária como centro cultural

Proposta de reocupação da estação ferroviária, desativada, vem sendo discutida pela Fundação de Cultura e Conselho Municipal de Cultura da cidade

Da Editoria Cidades
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Publicado em 23/08/2016 às 8:08
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Proposta de reocupação da estação ferroviária, desativada, vem sendo discutida pela Fundação de Cultura e Conselho Municipal de Cultura da cidade - FOTO: Foto: Guga Matos/JC Imagem
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A Fundação de Cultura de Camaragibe pretende reativar uma antiga proposta de restauração do pátio ferroviário do município e avisa que vai dar um freio na ocupação indevida da edificação. “Vamos fechar a área para evitar usos irregulares e preservar os imóveis existentes”, avisa o presidente da fundação, Josué Silva. O pedido para cercar a velha estação, a casa do chefe da estação e os armazéns de carga foi encaminhado à Secretaria de Planejamento.

Suja, destelhada, sem portas e janelas, a casa do chefe da estação vem sendo utilizada como estábulo. Na manhã de segunda-feira (22), dois cavalos estavam amarrados em dois cômodos da casa e havia fezes dos animais em toda parte. A estação, pichada, é um depósito de lixo. Fuligem no chão e nas paredes indicam que entulhos são queimados no local. Em um dos armazéns de carga montaram um ringue de luta. O outro está sendo engolido pelo mato.

A ideia da Fundação de Cultura é transformar a estação ferroviária, localizada no bairro de Alberto Maia, num centro cultural. Moradores da área serão chamados para discutir o assunto em reunião. “Qualquer intervenção no prédio precisar envolver a comunidade e o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)”, afirma o diretor de Cultura da Fundação, Emanuel David d’Lucard. “A população não se apropria quando ela não participa do debate”, destaca.

De acordo com Josué Silva, a reunião estava programada para a quarta-feira passada, com o Conselho Municipal de Cultura, mas teve de ser remarcada. O novo encontro será na próxima semana, em data ser definida. “O Conselho provocou o debate sobre a estação e na reunião será criada uma comissão para conversar com o Iphan. Sabemos que o instituto tem projeto para o prédio, queremos nos atualizar”, diz ele, acrescentando que assumiu a fundação há pouco tempo.

A conversa com o Iphan servirá para esclarecer dúvidas sobre a proposta. “Não sabemos e o instituto tem recursos para a obra ou se caberá ao município conseguir a verba. É necessário definir como será o gerenciamento e a manutenção do futuro centro cultural. Nossa sugestão é criar um conselho gestor”, afirma Josué Silva.

Tempos atrás, continua ele, a Prefeitura de Camaragibe havia anunciado uma intervenção para recuperar a área externa do antigo pátio ferroviário, com limpeza, ordenamento, recuperação de uma quadra esportiva existente nas proximidades, iluminação e pavimentação das vias. A obra não foi executada e ele sugere que as ações sejam realizadas conjuntamente.

Inaugurada em 1908, a Estação de Camaragibe (e outras desativadas em Pernambuco) faz parte do patrimônio não operacional da RFFSA e está sob gestão do Iphan, como prevê a lei federal nº 11.483/2007. Todo esse patrimônio foi inventariado pelo instituto (locomotivas, guindastes, vagões, documentos, estações, armazéns, casas, pontes, viadutos e outras edificações) no período de 2007 a 2009. A proposta do Iphan é definir, com as prefeituras, usos culturais e sociais para os prédios, localizados em 64 municípios.

SUGESTÕES 

Ex-usuário da Estação de Camaragibe e morador de Alberto Maia, Roberto da Hora sugere a instalação de uma creche no pátio ferroviário. “O prédio está se acabando e ninguém faz nada, a creche seria importante na comunidade e ficaria bem localizada, perto da estrada”, comenta. Ele costumava ir de trem para o Curado, na Zona Oeste do Recife, quando trabalhava numa indústria do bairro. “Era um transporte seguro e barato, 30 anos atrás. Seria ótimo se fosse reativado”, declara.

Socorro Carneiro, dona de casa e moradora de Alberto Maia, quase vizinha da estação ferroviária, sugere a reocupação do imóvel com atividades esportivas para a comunidade, feira de artesanato e feira de frutas e verduras. “Alguma coisa dever ser feita antes que o prédio desabe, a estação faz parte da história da cidade e não pode se acabar dessa forma”, afirma, apontando para o prédio deteriorado.


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