Burocracia emperra licitação das paradas de ônibus do Grande Recife

Edital para instalação, sinalização e manutenção das paradas em troca de exploração de espaço para publicidade é estudado há três anos e meio
Margarette Andrea
Publicado em 31/08/2016 às 8:41
Foto: Foto: Guga Matos /JC Imagem


Já são três anos e meio de ajustes  e o edital para licitar os serviços de instalação, sinalização e manutenção das 5.863 paradas de ônibus da Região Metropolitana do Recife (RMR) ainda não foi definido. Em agosto do ano passado, o Grande Recife Consórcio de Transporte (GRCT) informou que estava prestes a licitar uma concessão pública de 240 meses (20 anos), para exploração desses serviços em troca de espaço publicitário, com o objetivo não só de melhorá-los, mas também de desonerar o Estado. Mas nada se concretizou.

Enquanto isso, abrigos quebrados, enferrujados, sujos, pichados e sem indicação de linhas são vistos por toda a parte. E não é por falta de investimentos. Segundo o Grande Recife Consórcio de Transporte (GRCT), de janeiro a julho deste ano, foram gastos R$ 606,6 mil na instalação, sinalização e manutenção das paradas. O custo é 50% maior do que no mesmo período do ano passado, devido a implantação das estações de BRT, inauguração de mais quatro Terminais Integrados (TIs) e o excesso de vandalismo.

Foto: Guga Matos /JC Imagem
Rua João Lira: Calçada dificulta circulação de pedestres - Foto: Guga Matos /JC Imagem
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Avenida Mário Melo: Parada precária e cheia de adesivos - Foto: Guga Matos /JC Imagem
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Avenida Mário Melo: estacionamento esconde a parada - Foto: Guga Matos /JC Imagem
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Estação de BRT 13 de Maio: vidro danificado por pedrada - Foto: Guga Matos /JC Imagem
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Rua do Hospício: cartazes tomam conta da parada - Foto: Guga Matos /JC Imagem
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Rua do Hospício: Falta indicação das linhas - Foto: Guga Matos /JC Imagem
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Rua do Riachuelo: paradas sem identificação - Foto: Guga Matos /JC Imagem
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Rua do Riachuelo: Abrigos degradados, pichados e com infiltrações - Foto: Guga Matos /JC Imagem
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Avenida Conde da Boa Vista: paradas danificadas e sujas - Foto: Guga Matos /JC Imagem
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Avenida Conde da Boa Vista: falta gradil em parada e pedestre atravessam em área errada - Foto: Guga Matos /JC Imagem

Conforme o GRCT, 80% das paradas já sofreram algum tipo de depredação este ano. “Temos uma boa equipe de manutenção (com 53 pessoas, às vezes mais por conta da demanda) e há monitoramento diário, além de uma parceria com a polícia para dar maior segurança aos usuários, mas não conseguimos impedir 100% da depredação e isso onera muito os cofres públicos”, afirma o diretor de gestão do GRCT, Eduardo Figueiredo. Levantamento do órgão indica que no ano passado 886 paradas receberam a indicação das linhas, mas, com a depredação, hoje só há 376 sinalizadas, sendo 218 seletivas e 158 comuns.

LICITAÇÃO

Conforme o GRCT, o Termo de Referência para a licitação estava em análise na Secretaria de Administração (SAD), que devolveu o processo para o órgão diante de sua complexidade. E hoje ele passa por análise interna. “Estamos fazendo um levantamento das as paradas para detalhar o status de cada uma. A licitação contempla a substituição de todas elas, mas esse trabalho será feito aos poucos e, enquanto isso, elas vão precisar também de manutenção”, justifica.

Diante da demora na conclusão do processo, em agosto de 2016 o Consórcio solicitou uma dispensa emergencial de manutenção de abrigos, que tem prazo de 180 dias (até janeiro de 2017) e abrange aqueles que já exploram a publicidade. A mesma empresa até então responsável (a Publique) ganhou o chamamento público. Contudo, o valor pago ao GRCT por cada abrigo com propaganda pulou de R$ 123 para R$ 346. O número de pontos com  publicidade varia. Eram 85 em maio e apenas nove em julho, segundo o GRCT.

RECLAMAÇÕES

Nas ruas, os usuários reclamam das condições dos abrigos. “Há muita parada em decadência e sem iluminação. Aqui (na Avenida Conde da Boa Vista, Centro), a calçada é muito estreita, a gente chega a perder o ônibus porque não dá para chegar até ele”, afirma o estudante Thiago Pereira. A cuidadora Creuza Silva, 40, conta que teve de perguntar onde parava seu ônibus, na Rua do Riachuelo, Centro, porque os pontos não têm a informação. “A mesma coisa é onde eu moro, em Águas Cumpridas, Olinda. Algumas nem teto têm. Seria bom mais conforto”.

O pedido de mais conforto também foi registrado por outros passageiros entrevistados, que pediram bancos e maior proteção contra sol e chuva. Mas não há previsão de mudança de modelo dos abrigos.


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