O primeiro dia de vigência da portaria do governo prevendo a suspensão das férias dos policiais no Estado – para reforçar a segurança no final de ano – foi marcado pela ausência das polícias nas ruas e por um pedido de reforço no patrulhamento do Centro do Recife, feito por entidades lojistas.
Por decisão do secretário de Defesa Social, Ângelo Gioia, cerca de 1,6 mil policiais civis, militares e peritos que estariam de férias entre ontem e o dia 31 deste mês deveriam ter retornado aos quartéis e delegacias. Mas o que não se viu nas ruas de diversos pontos do Grande Recife durante o dia de ontem foram as forças de segurança do Estado.
No Centro, a situação de abandono fez com que diretores da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Sindlojas e Fecomércio solicitassem, na tarde de ontem, ao comandante da PM, coronel Carlos D´Albuquerque, um reforço no policiamento. “Fomos ouvidos e o comandante entendeu a necessidade de um olhar especial para aquela área, uma vez que o fluxo é de 1,2 milhão de pessoas por dia nesta época do ano”, explica o presidente da CDL, Eduardo Catão.
Nas imediações da Praça da Independência, no bairro de Santo Antônio, durante boa parte da tarde de ontem não foram vistos viaturas ou PMs a pé. O local é conhecido pela alta incidência de roubos.
A reportagem também circulou pelos bairros do Pina e de Boa Viagem, na Zona Sul. Não foi avistado qualquer veículo das polícias. A situação se repetiu na Zona Norte: em bairros como Aflitos, Rosarinho, Casa Amarela e Nova Descoberta, também não se encontrava policiais. Um giro pelo município de Olinda, no Grande Recife, e o mesmo cenário.
Em uma unidade da PM na Zona Norte, um policial, em reserva, afirmou que em um dia normal, 20 viaturas estariam nas ruas naquela área. “Hoje foram apenas três”, disse.
No início da manhã, o subcomandente da PM, coronel Adalberto Farias, explicou que os oficiais estavam percorrendo os quartéis pedindo para que os praças abandonassem a operação-padrão iniciada na última sexta-feira (9). “Estamos com o sentimento positivo de que vão entender que o momento é de juntar esforços”.
Mas segundo o diretor da Associação dos Praças de Pernambuco (Aspra), José Roberto Vieira, a medida não será cumprida pela categoria. “É uma atitude infantil do governo, que revoltou a tropa. Isso só pode ser explicado pela falta de uma assessoria para o governador”, disparou.