João Cabral de Melo Neto e Ariano Suassuna concluíram suas maiores obras, Morte e Vida Severina e O Auto da Compadecida, respectivamente, no mesmo ano. O primeiro encontro entre os escritores aconteceu em uma conferência de poesia na capital pernambucana e agora as estátuas que homenageiam os dois estão imortalizadas, lado a lado, na paisagem da capital. Elas dividem endereço na Rua da Aurora, dentro do Circuito da Poesia, iniciativa da Prefeitura do Recife. A escultura do dramaturgo, poeta e romancista paraibano é uma das quatro apresentadas pela prefeitura, na tarde dessa quinta-feira (05).
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Antes, o circuito contava com 12 obras espalhadas por pontos turísticos da cidade. Além de Suassuna, os escritores pernambucanos Alberto da Cunha Melo, Liêdo Maranhão e Celina de Holanda Cavalcanti receberam homenagens. A iniciativa é fruto da parceria entre as Secretarias de Cultura, Infraestrutura e Lazer e Turismo, Esporte e Lazer do Recife, por meio da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb). O custo foi de R$ 124 mil.
A escultura de Ariano mede 1,80 e está localizada em frente ao Teatro do Arraial, inaugurado por ele em 1997, durante sua gestão como secretário de Cultura e que, desde 2004, leva o seu nome. “Estamos dando um pontapé nas comemorações dos 90 anos de Ariano com esta homenagem de colocar o busto dele em frente ao teatro. O significado é muito grande”, afirma João Suassuna, neto mais velho do escritor.
Para a filha Ana Rita Suassuna, a entrada para o circuito vai fazer os recifenses conhecerem melhor a obra do pai. “A poesia dele é pouco conhecida. Ariano é muito mais visto como um romancista e teatrólogo do que como poeta.”
Foi das mãos do artista plástico Demétrio Albuquerque que as quatro estátuas em tamanho real ganharam vida. Ele é responsável por todas as 16 obras do Circuito da Poesia, mas criar a estátua do dramaturgo teve um significado especial. “Fui aluno de Ariano Suassuna e ele me esculpiu primeiro. Inclusive, não consegui fazê-lo mais velho. Fiz com a idade que ele tinha quando era meu professor. Este é o Ariano da minha memória.”
LOCALIZAÇÃO
Todas as obras foram colocadas em lugares com significado para os homenageados. A de Alberto da Cunha Melo está localizada no Parque 13 de Maio, em frente à Biblioteca Central, onde trabalhou. Liêdo Maranhão está representado na Praça Dom Vital, no bairro de São José; e Celina de Holanda, na Avenida Beira-Rio, na Madalena.
Alvos de vandalismo, várias estátuas do circuito foram danificadas. Segundo o presidente da Emlurb, Roberto Gusmão, os reparos começam em fevereiro. “Vale lembrar que o serviço é feito pelo mesmo artista, que se encontrava ocupado com as novas estátuas. Agora ele vai poder recuperar as demais”, justificou. Gusmão destacou ainda que as esculturas são fiscalizadas por uma equipe permanente.