Apesar de os bandidos já terem investido contra 17 instituições financeiras do Estado só este ano – conforme levantamento do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, a Secretaria de Defesa Social (SDS) “avalia que está dando respostas importantes no combate a esse tipo de crime”, conforme nota encaminhada à imprensa. O governador Paulo Câmara, cujo posicionamento foi reivindicado por vários internautas, não se pronunciou sobre a ação de bandidos contra agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal (CEF) em Porto de Galinhas, nesta sexta.
Já o secretário de Turismo de Pernambuco, Felipe Carreras, considerou a ação em Porto de Galinhas um “fato isolado” e disse não ser necessário o reforço do policiamento no local, que recebe mais de um milhão de visitantes ao ano e só conta com oito policiais militares, segundo a Associação de Cabos e Soldados (ACS).
Entre as “respostas” listadas pela SDS para os assaltos a bancos estão a Operação Sem Divisas, que prendeu, na semana passada, 16 pessoas de uma quadrilha que atuava entre Pernambuco e Paraíba e tinha explosivos suficientes para 196 caixas eletrônicos; o aumento de três para sete equipes da força-tarefa, no final do ano passado, tendo o grupo desarticulado 16 quadrilhas e prendido 134 pessoas; a reativação de uma tropa de elite do Batalhão de Rádio Patrulha, em janeiro, para reforçar o cerco aos bandidos. “Com ações de inteligência, aliadas aos esforços da Polícia Militar, as forças de segurança têm a confiança na redução da atuação dessas quadrilhas em nosso território”, diz.
Curiosamente, todas as ações listadas foram seguidas de investidas escandalosas de grupos organizados. Como ocorreu no último dia 31, quando, logo após a polícia declarar que o Agreste e Zona da Mata teriam um alívio com as prisões da Operação Sem Divisas, bandidos aterrorizaram moradores de São Vicente Férrer, na Zona da Mata, fazendo reféns de escudo e explodindo as agências do Banco do Brasil e do Bradesco.
A SDS também salienta, na nota, que as “ações teriam maior efetividade se as instituições financeiras adotassem medidas de segurança consideradas simples, como a utilização de câmeras de circuito interno, inutilização das cédulas após a violação dos terminais, contratação de vigilância privada e outras tecnologias que tornem esse tipo de crime menos atrativo para os bandidos”.
A Polícia Militar não informou o número de servidores atuando em Porto de Galinhas. Mas, também por meio de nota, o órgão disse que o policiamento ostensivo “é realizado, diariamente, pela Guarnição Tática e por PMs em segways (diciclo elétrico)”. E que as equipes do Grupo de Apoio Tático Itinerante (Gati) estão intensificando as abordagens na região. Conforme a assessoria, “a guarnição de Porto, no momento do arrombamento, estava na delegacia com uma ocorrência de ameaça”.
Duas viaturas da Rocrop (Rondas Ostensivas Coronel Roberto Pessoa), que estavam no 18º Batalhão, no Cabo, foram acionadas e chegaram cerca de 20 minutos após a ocorrência. As guarnições seguiram na trilha de Serrambi, por orientação de testemunhas, sem sucesso. Imagens das câmeras de segurança já estão nas mãos das polícias civil e federal.
Em resposta à SDS, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que tem feito investimentos de R$ 9 bilhões em segurança bancária, “o triplo do que era gasto dez anos atrás”, e mantido uma cooperação intensa com as autoridades. “Os criminosos usam força desproporcional, com armamentos pesados, de elevado poder de destruição; a ação de segurança necessária para fazer frente à violência empregada está fora de alcance das instituições privadas”, disse. Para a entidade, é necessário combater as causas desses crimes, impedindo que os bandidos tenham acesso fácil a explosivos; desbaratando as quadrilhas, com ações de inteligência e dificultando o acesso ao produto do crime.