Força-tarefa para salvar a Ilha de Santo Aleixo

Área de preservação será alvo de projeto de vários órgãos do poder público
JC Online
Publicado em 14/03/2017 às 7:35
Área de preservação será alvo de projeto de vários órgãos do poder público Foto: Divulgação


 

Invadida há cerca de um ano por ocupações irregulares, a Ilha de Santo Aleixo, no Litoral Sul do Estado, será submetida a um freio de arrumação. Uma força-tarefa formada por entidades do governo estadual, União e Prefeitura de Sirinhaém – município do qual a ilha faz parte –começou, no último sábado, o que deve se tornar em um projeto de ordenamento de todas as atividades no local, do mergulho à atracação das embarcações, passando pela forma como são comercializados alimentos e bebidas.

 

A pouco mais de dois quilômetros da costa (ou 15 minutos de barco), a ilha é um paraíso de origem vulcânica, que mistura rochas e areia em praias cujas águas são próprias para o mergulho. Segundo moradores e veranistas da área, a relativa facilidade de acesso nunca tinha provocado um turismo predatório e de larga escala, situação que mudou em meados do ano passado, quando aumentou a oferta de barcos para o local. “Mudou muito o perfil do visitante. Passou a ser de pessoas com pouca preocupação com o meio ambiente”, diz o presidente da Associação de Moradores de Marinas do Aquirá (Amma), Alexandre Markan.

Com o acréscimo nas viagens e sem ordenamento por parte do poder público, vieram as construções irregulares, que serviam como bares e restaurantes. “São estabelecimentos construídos na areia e que comercializavam sem qualquer preocupação com a higiene”, completa.

Na tarde do último sábado, representantes da prefeitura, Agência Estadual de Meio Amvbiente (CPRH), Superitendência do Patrimônio da União (SPU), Ibama, Marinha do Brasil e Polícia Militar foram até a ilha para realizar um levantamento de ações que podem ser realizadas. Os donos dos três quiosques construídos na areia foram notificados e terão sete dias, a contar do sábado, para retirarem as barracas. “Se estiverem cadastrados na prefeitura, eles poderão operar, mas com estruturas móveis, que serão desmontadas no final do dia”, explica o secretário de Meio Ambiente e Turismo de Sirinhaém, Alfredo Ferraz. 

Ainda segundo o gestor, o fluxo de embarcações para a ilha também será regulamentado. A intenção é adotar uma única área para embarque e desembarque de pessoas. “Atualmente, os barcos atracam em qualquer lugar, e as âncoras podem provocar acidentes com os banhistas”. Pelo novo projeto, os barcos devem deixar os passageiros no local e voltarem para uma distância de 150 metros – sinalizada por boias – onde ficarão ancorados. Os acessos às praias, por dentro da ilha, também deverão ser melhorados, e a prefeitura se comprometeu a intensificar a limpeza no local a partir desta semana.

APA

A Ilha de Santo Aleixo fica localizada na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guadalupe, o que motivou a criação da força-tarefa para sua preservação. “Cada instituição vai fazer a sua parte para que não haja danos ao patrimônio natural”, comenta a gestora da APA, Joany Deodato. O Ibama, por exemplo, vai fiscalizar a eventual venda de lagostas e guaiamuns no período em que não podem ser comercializados. A SPU fará um levantamento da situação da casa de quatro cômodos construída na parte externa da ilha (virada para o Oceano Atlântico). Segundo Joany, a Ilha de Santo Aleixo é uma propriedade privada que se encontra em processo de inventário na justiça, ainda sem destino definido. Os rumores da construção de um moderno resort no local são antigos, mas não confirmados pelo poder público.

Para o comerciante Gilson Monteiro, que opera embarcações na ilha, a iniciativa da requalificação do espaço veio em boa hora. “Vai ser ótimo pois todos, de comerciantes ao poder público, vão ter que cumprir suas responsabilidades. Só quem tem a temer é quem está trabalhando da forma inadequada, sem respeito ao meio ambiente”, completa.

 

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