Casa de arquitetura eclética vira atração no bairro de Caxangá

A curiosa arquitetura do imóvel, na Zona Oeste do Recife, é uma criação do artista plástico e escultor Genézio Gomes
Cleide Alves
Publicado em 25/04/2017 às 8:08
Foto: GUGA MASTOS/JC IMAGEM


Se você passou pela Rua São Francisco de Paula, no bairro de Caxangá, na Zona Oeste do Recife, nos últimos anos, certamente virou o pescoço para olhar a casa de número 291. É quase impossível fazer esse caminho sem bisbilhotar o sobrado de três pavimentos, de arquitetura colorida como um templo hindu e com paredes revestidas de pedacinhos de cerâmica formando mosaicos à la Antoni Gaudí (1852-1926), famoso arquiteto catalão.

A edificação de arquitetura curiosa vem sendo construída há 19 anos pelo artista plástico Genézio Gomes, 47 anos, natural de Belo Jardim, município do Agreste pernambucano. Ele mesmo projetou a casa, usando como inspiração palácios renascentistas que visitou em viagens pela Europa e a criatividade própria. O resultado está estampado na fachada, que mistura vários estilos, numa casa eclética por excelência.

“Falaram que parece uma caldeirada de estilos artísticos, mas é um exagero que agrada”, declara Genézio, ao relatar a história da casa, que serve como moradia, ateliê e oficina. As peças que mais chamam a atenção, na fachada, são quatro estátuas de escultores que assumem o lugar de colunas, para segurar o telhado, e quatro figuras de corujas, símbolo da sabedoria, no topo. Os olhos dos animais disfarçam lâmpadas que são acesas à noite.

Da esquerda para a direita, no segundo piso, o visitante contempla as estátuas do italiano Michelangelo (1475-1564), do grego Fídias (480 a.C.-430 a.C.), do italiano Bernini (1598-1680) e do brasileiro Aleijadinho (1730-1814). Enfileiradas, atrás dos escultores, há duas deusas (cariátides) e dois deuses (atlantes) também com a função de segurar o telhado, como na arquitetura grega.

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Casa de arquitetura eclética atrai olhares curiosos no bairro de Caxangá, Zona Oeste do Recife - GUGA MASTOS/JC IMAGEM
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Estátua de Michelangelo com Davi numa mão e o malho na outra é uma coluna para sustentar o telhado - GUGA MASTOS/JC IMAGEM
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A oficina do artista funciona na parte de trás da casa, com vista para o Rio Capibaribe, em Caxangá - GUGA MASTOS/JC IMAGEM
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O Rio Capibaribe passa no oitão da casa do escultor Genézio Gomes, no bairro de Caxangá, no Recife - GUGA MASTOS/JC IMAGEM
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Na casa da Rua São Francisco de Paula, em Caxangá, o escultor Genézio Gomes mora e mantém um ateliê - GUGA MASTOS/JC IMAGEM
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Desde 1998, Genézio concilia o trabalho de artista com a construção da casa eclética de três andares - GUGA MASTOS/JC IMAGEM
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Em visita ao ateliê, o público pode acompanhar o trabalho de produção da equipe de Genézio Gomes - GUGA MASTOS/JC IMAGEM
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Peças grandes, criadas pelo escultor, foram exportadas para Lisboa, França, Itália, e Austrália - GUGA MASTOS/JC IMAGEM
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A expectativa de Genézio Gomes é concluir a casa-ateliê nos próximos dois anos e abrir ao público - GUGA MASTOS/JC IMAGEM
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Imagens sacras são enviadas com mais frequência para os Estados de Minas Gerais e São Paulo - GUGA MASTOS/JC IMAGEM
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Esculturas de inspiração italiana, a preferida do artista, estão espalhadas pela casa-ateliê - GUGA MASTOS/JC IMAGEM
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Cacos de cerâmica, de sobras dos trabalhos, serviram como revestimento de paredes na casa eclética - GUGA MASTOS/JC IMAGEM
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"Estou construindo um sonho", diz Genézio Gomes, pernambucano de Bom Jardim, sobre a casa eclética - GUGA MASTOS/JC IMAGEM
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Revestimento de pedra na parede do ateliê foi inspirado no Palácio Pitti, de Florença, na Itália - GUGA MASTOS/JC IMAGEM
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As peças criadas e reproduzidas pelo escultor, no ateliê, são vendidas para o Brasil e no exterior - GUGA MASTOS/JC IMAGEM
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Imagens sacras são enviadas com mais frequência para os Estados de Minas Gerais e São Paulo - GUGA MASTOS/JC IMAGEM
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Sobras de materiais usados nas esculturas foram usadas no revestimento da casa eclética em Caxangá - GUGA MASTOS/JC IMAGEM
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As peças criadas e reproduzidas pelo escultor, no ateliê, são vendidas para o Brasil e no exterior - GUGA MASTOS/JC IMAGEM

 

Genézio bebeu na fonte do italiano Lourenço de Médici (1449-1492) para fazer o revestimento de paredes internas. “Usei pedras, como no Palácio Pitti, em Florença, que pertenceu à família Médici e funcionava como uma escola de artes. Lá ele recebia escultores, poetas, artistas, a nata da cultura renascentista”, afirma.

VARIEDADE

Num casamento da arquitetura de Florença com Bom Jardim, ele fez o revestimento de outros trechos da parede com tijolo cerâmico aparente, numa referência à casa infância do artista, coberta com tijolo de barro aparente. Florões renascentistas decoram o teto, como suporte de luminárias em formato de tulipas, criadas por Genézio, que é formado em desenho e artes plásticas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Ele trabalha com esculturas desde 1990 e tem um currículo tão eclético quanto a residência-ateliê. “Comecei com estilo diverso, depois fiz arte erótica para ornamentação de motéis e de cinco anos para cá produzo arte sacra para igrejas”, revela. “Minha arte sempre foi variada, até sou assim, gosto da diversidade”, destaca.

A casa no bairro de Caxangá, com quintal para o Rio Capibaribe, foi comprada em 1998 para ser o ateliê. “Era de alvenaria e taipa, em ruínas, reformei tudo e aproveitei os 5% que existiam.” Ali, ele modela a argila, faz os moldes em gesso e arremata com a fundição, usando resina, fibra e mármore para dar vida a peças que são vendidas para o mercado interno e também exportadas.

SONHO

Sobras dos trabalhos artísticos, como cacos de cerâmica, serviram para montar os mosaicos que revestem paredes. Para concretizar o projeto de arquitetura, ele teve ajuda de um amigo, engenheiro calculista. “No interior, eu trabalhava na agricultura de subsistência. Vim ao Recife para estudar, em busca dos meus sonhos. E continuo sonhando até hoje”, destaca o artista.

A ideia de Genézio é concluir a obra nos próximos dois anos e abrir para visitação pública. “Muita gente pede para conhecer, mas quando estou carregado de serviço não tenho como parar e atender a todos”, comenta. O passeio só é liberado no térreo, onde funciona o ateliê e a sala de aula de escultura. A moradia, nos andares superiores, é preservada.

Vizinhos aprovam a casa de arquitetura diferente da rua. “Acho muito bonita, já fotografei e botei no meu Face”, diz o caseiro Joseilson José de Almeida, 27. Visitas podem ser agendadas pelo número (81) 3271-3904.

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