Mutirão marca Dia Nacional de Luta do Povo da Rua no Recife

O evento teve como objetivo chamar a atenção do poder público para as necessidades dessa parcela da população
Editoria de Cidades
Publicado em 19/08/2017 às 14:20
O evento teve como objetivo chamar a atenção do poder público para as necessidades dessa parcela da população Foto: Foto: Guga Matos/ JC Imagem


Cerca de 250 pessoas foram atendidas, ao longo do dia deste sábado (19), no mutirão promovido pelo Coletivo Unificados pelas Pessoas em Situação de Rua, formado por mais de 20 instituições ligadas à assistência social. O evento ocorreu na Praça do Arsenal, bairro do Recife, Centro, e marcou o Dia Nacional de Luta do Povo da Rua. Foram oferecidos serviços de atendimento médico, odontológico, estético e jurídico, este último em um Ônibus da Defensoria Pública do Estado. O mutirão começou às 7h, quando foi servido um café da manhã. A ONG Banho do Bem levou o banheiro móvel idealizado para possibilitar a higiene pessoal nas ruas.

O evento teve como objetivo chamar a atenção do poder público no sentido de definir políticas específicas para essa faixa de população, estimada em duas mil pessoas apenas no Recife. “Cerca de 70% desse público é do sexo masculino, e pessoas que estão sozinhas. Os 30% de mulheres muitas vezes conhecem companheiros na própria rua”, comenta Rafael Araújo, um dos coordenadores do mutirão.

Segundo ele, apesar de a crise econômica ter influenciado no crescimento da população de rua, um dos principais fatores para o aumento do número de pessoas nessa situação se deve ao que ele chama de sucateamento da rede de assistência social. “Muitos equipamentos que atendiam às populações vulneráveis – mas ainda não em rua – tiveram orçamento cortado. Por isso houve esse acréscimo”.

Outro ponto negativo destacado por ele é o aumento dos casos de violência entre as pessoas que vivem na rua. “Mesmo sem ter um levantamento preciso, a gente está nas ruas todos os dias e vê claramente que cresceram os homicídios entre eles. O que existe é uma total indiferença por parte do poder público, que não intervém e deixa as pessoas se matarem”.

Rafael também critica o que ele diz ser uma falta de rigor científico por parte da prefeitura na avaliação da população de rua. “É preciso um censo detalhado do perfil dessas pessoas. O que existe em andamento hoje é um levantamento um pouco vago, que seria apenas uma base para o começo de algumas ações”.

ACOLHIMENTO

Segundo a Prefeitura do Recife, existem 11 casas de acolhida funcionando 24 horas. Oito atendem pessoas em situação de rua. A gestão também afirma que estuda a elaboração de um projeto para intervenção no abrigo provisório da Travessa do Gusmão, no bairro de São José, área central, para que ele funcione também como abrigo noturno. Ainda segundo a prefeitura, o estudo detalhado deverá ser divulgado até o fim do ano. A diferença entre as duas iniciativas é que a casa de acolhida faz parte do processo de reinserção social. Quando o morador de rua aceita ser abrigado, o Serviço Especializado em Abordagem Social de Rua (Seas) encaminha a retirada de documentos, o acesso à rede de saúde e promove a inclusão em programas e benefícios sociais.

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