No Marco Zero, Naná Vasconcelos sem o berimbau que o consagrou. No Cais da Alfândega, Ascenso Ferreira pichado e sem iluminação. Na Ponte Maurício da Nassau, não há sequer um rastro de Joaquim Cardozo há pelo menos oito meses. A situação das estátuas que homenageiam os três pernambucanos evidencia a desatenção do poder público com o Circuito da Poesia, composto por 17 monumentos espalhados pela capital.
Inaugurada em fevereiro, a estátua do percussionista pernambucano teve o berimbau roubado há cerca de um mês, de acordo com denúncia feita nessa sexta-feira (1º) pela esposa de Naná, Patrícia Vasconcelos. “Amanheci muito triste. O berimbau tem uma simbologia muito grande na vida dele. Quem fez sabia o que estava fazendo. É ainda mais chocante porque a prefeitura não fez nada. Eu, morando em Nova Iorque, soube antes deles que a estátua estava danificada esse tempo todo.”
Perto dali, no Cais da Alfândega, a estátua que homenageia o poeta Ascenso Ferreira só pode ser contemplada de dia, já que parte da iluminação da obra, localizada às margens do Capibaribe, foi roubada. O monumento ainda foi pichado duas vezes.
Na Ponte Maurício de Nassau, a situação é ainda mais dramática, porque a estátua de Joaquim Cardozo desapareceu da paisagem. Alvo de vandalismo, ela foi retirada para manutenção e jamais retornou. O sumiço do poeta, de acordo com populares, já dura oito meses. “É uma pena. Uma coisa importante como essa deveria ter sido devolvida ao seu lugar. São pessoas que fizeram nossa história”, lamenta o pescador José Morais.
Em nota, a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) informou que vai denunciar o ato de vandalismo na estátua de Naná e está programando o reparo. O órgão afirmou que o conserto da estátua de Joaquim Cardozo está sendo realizado, com o custo de R$ 9 mil. Ela deve retornar à ponte até o início do próximo ano.
A última restauração no circuito foi realizada em 2015 e custou R$ 115 mil. De lá pra cá, são executados apenas consertos e reparos pontuais.