'O Brasil avançou na quantidade, não na qualidade', diz Marcos Magalhães sobre educação no Brasil

Fundador do Instituto de Co-responsabilidade pela Educação foi entrevistado por Antônio Lavareda, no Programa 20 Minutos, neste sábado (16)
Larissa Rodrigues
Publicado em 16/12/2017 às 20:12
Fundador do Instituto de Co-responsabilidade pela Educação foi entrevistado por Antônio Lavareda, no Programa 20 Minutos, neste sábado (16) Foto: Foto: Luiz Pessoa/ JC Imagem


O empresário Marcos Magalhães, fundador do Instituto de Co-responsabilidade pela Educação (ICE), foi o entrevistado da edição deste sábado (15) do Programa 20 Minutos, apresentado pelo cientista político Antônio Lavareda. “Transformações na Educação” foi o tema do encontro. A entrevista também pode ser conferida neste domingo (17), às 11h40, na Rádio Jornal e na próxima segunda-feira (18), na TV JC, às 8h30. Magalhães aprofundou a discussão a respeito da qualidade do ensino público no Brasil. Na opinião dele, o País avançou de forma quantitativa na área, mas descuidou da qualidade nas últimas décadas.

"Conseguimos colocar todas as crianças do ensino fundamental na escola. A pré-escola está praticamente universalizada e o número de matrículas no ensino médio é o que deveria ser. Porém, no aspecto qualitativo nós fracassamos totalmente", afirmou Magalhães, na primeira parte do programa. Segundo o empresário, há aproximadamente 30 anos era outro o paradigma das unidades públicas. "Até o final dos anos 70 havia um padrão bastante aceitável nas escolas. Até aí, não tinha vaga para todos. Quando se democratizou o acesso, se descontrolou a qualidade." Defensor da reforma do ensino médio, Magalhães lamenta o fato de a cada ano, três milhões de jovens serem matriculados no ensino médio e só metade concluí-lo. "É um sistema perverso."

Antônio Lavareda destacou que 22% dos brasileiros entre 15 e 29 anos estão desempregados, de acordo com o IBGE. Desses, 14% sequer procuram emprego. Segundo o apresentador, o Brasil tem dois milhões de jovens classificados na geração que nem estuda e nem trabalha. Para Magalhães, o Brasil cometeu múltiplos erros que levaram a esses números. Mas vê na reforma do ensino médio uma alternativa que pode reduzir números negativos. Dois motivos levam ao abandono das salas de aulas: os jovens acham a escola "chata" e não vêem conexão entre o que ela tem para ensinar e o mundo lá fora. "O conceito dentro da reforma que responde a essas questões é a pluralidade de caminhos que o estudante poderá escolher."

PERNAMBUCO

No segundo bloco do programa, o entrevistado comentou as mudanças na educação em Pernambuco. Em 2007, o estado ocupava a 21ª posição entre os 27 estados no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Em 2015, Pernambuco chegou ao primeiro lugar. "A explicação é a alavancagem do sistema que foi possível graças a implantação das escolas de tempo integral. Começamos com uma unidade em 2004 e hoje são quase 400, metade da rede pública de ensino médio", lembrou Magalhães.

O pernambucano nasceu em Sertânia, Sertão do Moxotó. Engenheiro, ocupou o cargo de presidente da Philips para a América Latina. Desde 2003, faz da educação seu foco principal. Marcos Magalhães é um dos mentores do modelo de escolas de tempo integral e começou a experiência pelo Ginásio Pernambucano, no Recife, em 2011. Atualmente, o conceito está presente em outros estados, como Ceará, Piauí, Sergipe, Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás.

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