Torre Malakoff e Bairro do Recife recebem sinalização para cegos

Maquete e mapas tátil e arquitetônico vão ajudar deficientes visuais e pessoas com baixa visão a conhecerem pontos históricos e turísticos do Recife Antigo
Margarida Azevedo
Publicado em 25/05/2018 às 8:00
Maquete e mapas tátil e arquitetônico vão ajudar deficientes visuais e pessoas com baixa visão a conhecerem pontos históricos e turísticos do Recife Antigo Foto: Foto: Filipe Jordão / JC Imagem


Ponto turístico e cultural da capital pernambucana, com monumentos históricos e museus, o Bairro do Recife, na área central da cidade, passa a dispor de um mapa urbano tátil, instalado no Centro de Artesanato de Pernambuco, ao lado do Marco Zero. Significa que pessoas com deficiência visual ou baixa visão poderão localizar ruas, atrações turísticas e serviços. Na Torre Malakoff, as novidades são uma maquete e um mapa arquitetônico tátil, também voltados para quem não enxerga. Os equipamentos foram inaugurados ontem. Até o próximo ano, seis igrejas do Sítio Histórico de Olinda, no Grande Recife, ganharão sinalização especial para esse público.

“Com mais acessibilidade, esperamos atrair moradores e turistas que não conseguem ver. O principal ganho é a informação. A maquete e os mapas rompem a barreira comunicacional”, destaca o designer Klesley Bastos, responsável pelo projeto juntamente com a também designer Giovana Caldas.

“A Malakoff foi escolhida para receber o projeto por ser um patrimônio importante, cuja arquitetura peculiar e escala jamais seriam percebidas por pessoas cegas sem esses equipamentos”, observa Giovana. O projeto, custeado pelo Funcultura, do governo estadual, é da ID Inclusão e Design e Janela Gestão de Projetos.

No Recife, apenas o Memorial da Justiça, que funciona no prédio onde havia a antiga Estação Ferroviária do Brum, também no Recife Antigo, tem maquetes para pessoas cegas. Mapa tátil existe somente na Casa da Cultura, que fica no Bairro de São José.

“É uma grande conquista para nós, cegos, pois teremos acesso ao conhecimento. Confirma o direito que temos de conhecer os espaços históricos da cidade”, destaca Manuel Aguiar, que foi consultor do projeto. Segundo ele, existe uma lei no Recife, com mais de 20 anos, que obriga os prédios históricos a terem maquetes. “Infelizmente não é cumprida”, lamenta.

“Achei uma iniciativa providencial. Porque uma coisa é a gente ouvir falar, outra é sentir, perceber concretamente”, comenta a professora Vitória Damasceno, que não vê e leciona no Instituto de Cegos de Pernambuco. “É a verdadeira inclusão”, ressalta. Tanto a maquete quanto os mapas têm informações em braille.

Na Torre Malakoff, o mapa arquitetônico e o painel tático informam onde estão entradas e saídas, salas, escadas, elevador, banheiros e piso tátil. Há ainda uma pequena história sobre o prédio. Já o mapa do Bairro do Recife mostra, para quem não vê, onde estão ruas, prédios, bancos, pontos de táxi e de ônibus, praças e outros pontos. 

CONTRADIÇÃO

Com cinco andares, a Torre Malakoff está com o elevador quebrado desde agosto do ano passado. Significa que os cegos que quiserem acessar os andares acima do térreo terão que subir de escada. A Fundarpe informa que edital para comprar três peças que precisam ser repostas sai em breve, com investimento de R$ 30 mil. A demora em lançar a chamada pública ocorreu porque foi necessário realizar um estudo técnico antes.

Em Olinda, as Igrejas da Sé, do Amparo, do Carmo, da Misericórdia, do Mosteiro de São Bento e do Convento de São Francisco terão a parte frontal representadas em maquetes para deficientes visuais.

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