Entre as dez cidades que mais desperdiçaram água tratada em 2016, três são de Pernambuco. Paulista, Olinda e Recife ficaram na segunda, quinta e oitava posição no ranking, com índices de perda de 67,92%, 62,70% e 61,16%, respectivamente, segundo estudo do Movimento Menos Perda, Mais Água, do Pacto Global – iniciativa da ONU para mobilizar o empresariado, feito com o Instituto Trata Brasil e com a Go Associados, divulgado nesta segunda. O volume de perda no País equivale a sete mil piscinas olímpicas por dia.
Foram avaliadas as cem maiores cidades metropolitanas brasileiras e Pernambuco foi o único estado com três na lista de maiores índices de perda. A primeira colocada, contudo, foi Porto Velho, capital de Rondônia, com perda de 70,88%, enquanto a média brasileira é de 38,01%. O desperdício ocorre em razão de vazamentos nas tubulações, erros ou falta de leitura de hidrômetros, fraudes e clandestinidade.
“O estudo foi feito com base nos últimos dados disponíveis no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snif), que congrega todos os municípios do Brasil”, explica o coordenador da pesquisa, o economista Pedro Scazufca, da Go Associados. Como os dados são secundários (não é feita medição nos locais), não houve indicadores de nenhum motivo que levasse Pernambuco a ter três cidades com os piores resultados. Mas Caruaru também estava na pesquisa e ficou com índice de 34%.
“Nossa principal conclusão é que as perdas representaram um valor de 10,5 bilhões em 2016. No mesmo período o setor investiu R$ 11 bilhões, ou seja, perdeu mais de 90% do que investiu, então, se conseguir reduzir perda vai poder investir mais”, salienta o economista.
O secretário-executivo do Pacto Global, Carlo Pereira, declara que a ideia do movimento é dar visibilidade aos números, para que a sociedade possa cobrar melhorias. “Não podemos tolerar esses índices. O Nordeste enfrentou sete anos de seca, o Sudeste, uma crise hídrica que veio e se estabeleceu. Temos que nos envolver com essa agenda”, defende.
A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), por meio de nota, diz que o estudo é feito com base nas perdas de distribuição, “que tecnicamente não é a forma ideal de comparar os sistemas”. E cita o caso de Caruaru, que está abaixo da média nacional “por restrição da oferta de água”. A melhor forma, diz, seria avaliar o desempenho operacional de cada sistema. O órgão informa que o índice de perda em todo o Estado é de 37,24% e já chegou a 58,36% em 2007, tendo caído pelos investimentos realizados, que somam hoje R$ 400 milhões, sendo o maior motivo das perdas as ligações clandestinas.