Demorou, mas a requalificação da Segunda Perimetral do Recife, que promete priorizar o transporte público e os pedestres, finalmente começa a sair do papel na próxima semana. Os recursos foram captados pela gestão municipal em 2012 junto ao governo federal, com o objetivo de deixar a casa pronta para receber a Copa do Mundo de 2014. Mas a primeira etapa das obras, que inicia nesta segunda-feira, em um trecho de 5,1 quilômetros, só deverá ser concluída em 2020. O projeto completo, que requalificará mais de 20 quilômetros de corredor, com o custo de R$ 250 milhões, ainda não tem prazo de conclusão.
A Segunda Perimetral compreende o corredor entre as pontes Motocolombó, em Afogados, Zona Oeste do Recife e Gilberto Freyre, na Imbiribeira, Zona Sul da capital, até o limite entre os municípios de Recife e Olinda. O objetivo da intervenção é melhorar a mobilidade, acessibilidade, segurança e o acesso dos pedestres ao transporte público. A rota viária é uma das principais do transporte coletivo entre as Zonas Norte e Sul da cidade.
Para facilitar a execução das obras, o projeto foi dividido em quatro etapas. O primeiro trecho licitado, que começa a ser executado segunda-feira, com prazo de 18 meses, vai do cruzamento da Avenida Engenheiro Abdias de Carvalho com a Estrada dos Remédios até o início da Ponte do Parnamirim, retornando pela Rua José Bonifácio, Real da Torre e João Ivo da Silva, seguindo até a Abdias de Carvalho. O investimento nessa etapa é de R$ 37 milhões.
As obras do trecho incluem requalificação de 10 quilômetros de calçadas dentro das normas de acessibilidade, substituição e implantação da rede de drenagem, melhoria da pavimentação das vias, reforço nas placas de concreto, requalificação de 11 pontos de ônibus, implantação de iluminação pública em LED e de 1,4 quilômetro de ciclofaixa em vias secundárias. “Essa é uma obra muito importante para a cidade, que beneficia principalmente quem utiliza o transporte público. Mais de 70% da população do Recife de desloca a pé, de bicicleta ou de transporte coletivo, então precisamos pensar nessas melhorias”, destacou o presidente da Autarquia de Urbanização do Recife (URB), João Alberto Faria.
Os primeiros 90 dias serão exclusivamente de drenagem. “Vamos substituir toda a rede, para então entrar com a obra. Estamos usando tubos em polietileno de alta densidade, para dar maior durabilidade”, explicou Faria. A intervenção começa pela Rua Marcos André, na Torre, Zona Norte da capital. Para viabilizar os trabalhos, a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) implementará, a partir de segunda-feira, mudanças no trânsito da área.
A Rua Marcos André, no trecho entre a Beira Rio e a Rua José Bonifácio, passa a ter sentido único de circulação de veículos (em direção à Real da Torre), enquanto a Rua dos Operários terá seu sentido de circulação invertido, permitindo aos condutores outra opção de acesso à Rua José Bonifácio. Os moradores dos edifícios localizados no trecho interditado terão acesso garantido às suas residências. “Vamos iniciar em um trecho de menor impacto, de forma que a circulação interna não seja prejudicada”, garantiu a presidente da CTTU, Taciana Ferreira.
Dos R$ 250 milhões garantidos, R$ 65 milhões são recursos da prefeitura. O restante é fruto de financiamento do Fundo de Garantia (FGTS). As obras na Segunda Perimetral fazem parte de um plano maior de mobilidade, que inclui também intervenções no corredor da Terceira Perimetral – que liga a Linha do Tiro, na Zona Norte, a bairros como Areias, Imbiribeira e Boa Viagem, na Zona Sul – e no Corredor Radial Sul – que faz ligação direta entre a BR-101 e a Avenida Boa Viagem. Juntos, os três projetos totalizam investimentos da casa dos R$ 800 milhões. Em nota, a URB informou está concluindo processo licitatório para contratação dos projetos executivos dos corredores em questão para planejar os próximos passos.