Sarampo e poliomielite: começa campanha de vacinação no País

País vive surto de sarampo no Amazonas e em Roraima e tem baixa cobertura vacinal contra polio
Cidades
Publicado em 06/08/2018 às 6:55
País vive surto de sarampo no Amazonas e em Roraima e tem baixa cobertura vacinal contra polio Foto: Público-alvo da campanha são crianças de 1 ano a 5 anos incompletos


Pais e responsáveis por crianças de 1 ano a menores de 5 anos (4 anos, 11 meses e 29 dias) devem levá-las ao posto de vacinação mais próximo para serem imunizadas contra sarampo e poliomielite, a partir desta segunda até 31 de agosto, em todo o Brasil. Mesmo as já vacinadas estão sendo convocadas para doses de reforço contra essas duas graves doenças contagiosas, já que o sarampo tem registro de surtos no Amazonas e em Roraima e a polio está com baixos índices de imunização. Somente no Recife, são 170 postos em funcionamento, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. O Dia D será em 18 de agosto.

A meta é atingir, no mínimo, 95% das crianças nessa faixa etária. São mais de 11,2 milhões meninos e meninas no Brasil, 544.180 em Pernambuco e 80.028 no Recife. “O trânsito de pessoas entre Estados e países intensifica o risco da reintrodução desses vírus. Além disso, estamos vivenciando um período de baixa cobertura vacinal em todo o Brasil”, afirma a coordenadora do Programa Estadual de Imunização, Ana Catarina de Melo.

No País, há 822 casos de sarampo confirmados e cinco óbitos, só no Amazonas e Roraima. Ainda há casos identificados nos estados de Rio de Janeiro (14), Rio Grande do Sul (13), Pará (2), Rondônia (1) e São Paulo (1). O Ministério da Saúde relaciona o reaparecimento da doença às baixas coberturas e a presença de venezuelanos no País, comprovado pelo genótipo do vírus (D8) identificado, que é o mesmo em circulação na Venezuela.

NO RECIFE

Após quatro anos sem registro, a capital pernambucana também investiga possíveis casos de sarampo na Zona Sul. Exames de um homem de 27 anos (que esteve em Manaus) e de sua sobrinha, de 2, deram resultado “sugestivo da doença” e serão encaminhados nesta segunda à Fundação Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro (Fiocruz-RJ), para confirmação. Outras três pessoas ligadas ao homem estão sendo monitoradas. “O exame é muito sensível e pode ter dado falso-positivo, então vamos tirar uma contraprova, mas todas as providências necessárias, do ponto de vista de saúde pública, estão sendo adotadas”, salienta o secretário de saúde do Recife, Jailson Correia.

O gestor explica que a campanha nacional é focada nas crianças de 1 a menores de 5 anos porque elas são as mais vulneráveis. “Além de adoecer primeiro elas têm maior taxa de complicações. Também funcionam como uma barreira, é o chamado efeito-rebanho (pois lançam o vírus vacinal no ambiente), por isso a prioridade”, esclarece.

QUEM VACINAR

Crianças que nunca foram vacinadas contra pólio deverão receber uma dose da vacina injetável e as que já tomaram a injetável receberão a vacina oral (gotinha). Já as que não foram imunizadas pela tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) devem receber uma dose e agendar a próxima. Se já foram vacinadas há mais de 30 dias devem receber reforço.

Quem não se vacinou nessa idade e tem até 29 anos precisa tomar duas doses. E de 30 a 49, uma dose. Mas não são alvo da campanha, pois as vacinas fazem parte do calendário e estão disponíveis durante todo o ano. Já adultos residentes em Manaus e Roraima também são considerados prioridade e devem se dirigir aos postos da cidade em que estiverem.

Embora não haja registro de polio no País desde 1990, Afeganistão e Paquistão já confirmaram casos este ano e o vírus também ainda circula na Nigéria. Por isso, não se pode descuidar. Conforme o MS, em 2011 a cobertura da vacina contra a poliomielite no País era de 101,3% e caiu para 78,4% em 2017. No caso da primeira dose da vacina contra o sarampo, passou de 102,3% (2011) para 85,2% (2017). A segunda dose passou de 92,8% (2014) para 69,9% (2017). Ao todo, R$ 160,7 milhões são investidos na campanha, que distribuirá 28,3 milhões de doses das vacinas.

AS DOENÇAS

A poliomielite é uma doença infectocontagiosa viral aguda, caracterizada por um quadro de paralisia flácida, de início súbito. A transmissão ocorre por contato direto pessoa a pessoa, pela via fecal-oral (mais frequentemente), por objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou portadores, ou pela via oral-oral, através de gotículas de secreções da orofaringe (ao falar, tossir ou espirrar). O último caso de poliomielite no Brasil ocorreu em 1989 e desde 1990, não são registrados casos da doença, que é grave e foi responsável por danos irreversíveis para milhares de crianças no mundo.

Já o sarampo é uma doença infecciosa exantemática (manifestações na pele) aguda, transmissível e extremamente contagiosa, podendo evoluir com complicações e óbito, particularmente em crianças desnutridas e menores de um ano de idade.  A transmissão ocorre de pessoa a pessoa, por meio de secreções respiratórias, no período de quatro a seis dias antes do aparecimento do exantema até quatro dias após.

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