MPPE denuncia técnicas de enfermagem após morte de criança em hospital do Cabo

Maria Fernanda Lins Gama, de 2 anos, morreu no dia 20 de novembro de 2017 após uma técnica de enfermagem aplicar 5ml de adrenalina em sua veia
JC Online
Publicado em 23/08/2018 às 21:47
Maria Fernanda Lins Gama, de 2 anos, morreu no dia 20 de novembro de 2017 após uma técnica de enfermagem aplicar 5ml de adrenalina em sua veia Foto: Foto: Reprodução


O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) formulou nessa quarta-feira (22) uma denúncia contra duas técnicas de enfermagem pela morte da menina Maria Fernanda Lins Gama, de menos de dois anos de idade, no Hospital Infantil do Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, no dia 20 de novembro de 2017, por negligência e com inobservância de regra técnica.

De acordo com o MPPE, segundo relatos no inquérito, Maria Fernanda apresentava febre e sinais de cansaço quando foi transferida para a unidade hospitalar em 19 de novembro, após ser atendida no Pronto-Socorro de Gaibu, praia do município, onde foram levantadas as hipóteses de laringite aguda ou possibilidade de presença de um corpo estranho nas vias aéreas da garota. Ela morreu na manhã seguinte, ao que tudo indica, após receber injeção de adrenalina na veia aplicada por negligência das técnicas de enfermagem.

Negligência

Após Maria Fernanda chegar ao hospital e passar a noite e a madrugada sendo medicada com nebulização e outros remédios, por volta das 5h do dia 20 de novembro, uma técnica de enfermagem preparou medicações a serem ministradas em alguns pacientes, dentre elas os 5ml de adrenalina prescritos para aplicação via nebulização na criança.

Segundo o relatório, a primeira técnica de enfermagem deixou as medicações no local, sem a advertência da via de administração, e saiu do posto para ir ao banheiro. Na sequência, apressada pela proximidade do horário de término do seu plantão, a segunda técnica de enfermagem, já sem o fardamento e sem luvas, de forma negligente e com inobservância de regra técnica da profissão, pegou os 5ml de adrenalina, e sem conferir a prescrição médica para nebulização, injetou na veia da criança.

"De imediato, a criança começa a passar mal, é levada às pressas para UTI e, logo em seguida, às 6h35, apesar dos esforços da equipe médica, a criança vem a óbito em decorrência da negligência das denunciadas”, relatou a 3ª Promotora de Justiça Criminal do Cabo de Santo Agostinho, Cláudia Ramos Magalhães, no texto da denúncia. “Com a morte de uma criança, cujo estado clínico não apresentava gravidade, as denunciadas deixam a unidade hospitalar antes do horário previsto para o término do plantão”, completou a promotora na peça.

Ainda segundo o MPPE, resultado fatal, apesar de não ser previsto ou querido, decorreu de conduta negligente e inobservância de regra técnica da profissão pelas denunciadas, que concorreram para a morte da criança ao preparar e ministrar medicação sem os cuidados necessários e sem a devida observância da prescrição médica.

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