Embora não se fale mais em HIV/Aids, como no pico da epidemia, os números ainda são bastante altos em todo o País. Em Pernambuco, uma média de duas pessoas morrem por dia com a doença e a cada seis horas uma contrai o vírus. O alerta é do Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo (GTP)+, que promove uma série da ações, até 15 de dezembro, para marcar o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, o 1º de dezembro, criado para combater o preconceito e estigma em torno da doença.
A programação foi aberta, ontem, com um ato político em forma de uma Colcha de Retalhos pintada na calçada da entidade, na Rua Manoel Borba, Nº 545, na Boa Vista, Centro, com o nome de pessoas que morreram em decorrência da epidemia. O Coral Fonte do Amanhã, formado por idosos do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), participou do evento.
“Quem conquistou as políticas públicas de prevenção e acolhimento aos portadores do HVI/Aids foram muitas das pessoas que morreram nessas quatro décadas, lutando por isso. E queremos não só homenageá-las, mas também chamar atenção para a importância da continuidade dessas políticas. Os dados nos deixam preocupados. Recife tem a maior incidência de HIV do Nordeste”, afirma o coordenador-geral do GTP+, Wladimir Reis.
“Onde estão as campanhas de prevenção? Só saem no Carnaval e Natal. As pessoas não fazem sexo só nesses períodos, há necessidade de campanhas constantes para alcançar a população, porque preconceito quem tem somos nós. O HIV não tem preconceito”, defende Wladimir, que há 26 anos vive com o vírus, atualmente indetectável, ou seja, não é transmitido por via sexual.
“Recentemente, o futuro ministro da saúde deu uma declaração de que a prevenção tem que ser feita na família, mas na nossa cultura, as pessoas têm dificuldade de falar sobre sexo e a maioria se contamina pela relação sexual, então esse discurso não colabora”. Há 18 anos a entidade trabalha no acolhimento, testagem e orientação de pessoas contaminadas ou com maior risco de contaminação.
A fundadora do Grupo Viva Rachid (fechado em 2014 por dificuldades financeiras), Alaíde Elias da Silva, 64, marcou presença no evento. Durante 20 anos, a entidade lutou pelos direitos de crianças e adolescentes que viviam com o vírus HIV. O filho foi contaminado com 1 ano e três meses, durante uma transfusão. Morreu aos 8 anos e cinco meses. “Quebrei muitas arestas, pouco se sabia sobre a Aids e o preconceito ainda é grande. A luta tem que continuar”, defendeu.
Hoje, o Ministério da saúde apresenta um novo boletim epidemiológico com dados atualizados da doença. Em 2016, 621 pessoas morreram de Aids só em Pernambuco.