O Pilar, localizado no Bairro do Recife, foi a localidade beneficiada no Makeathon Comunidades, projeto idealizado pelo Fab Lab Recife, que incentivou e financiou, junto com a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), soluções para demandas apresentadas por moradores da área. Para criar alternativas que atendessem aos pontos listados, nove equipes puderam utilizar a tecnologia de fabricação digital rápida para produzir seus protótipos. Ao final da competição, três grupos foram premiados e terão a possibilidade de implementar suas ideias na comunidade.
As equipes participantes eram compostas por cinco integrantes. Dois da área digital, dois quem tivessem experiência com fabricação e um morador da comunidade. O local foi escolhido pela proximidade com a sede do Fab Lab, que fica no Paço Alfândega, também no bairro do Recife. “Nós estamos aqui no Porto Digital, um parque tecnológico com mais de 200 empresas que fatura aproximadamente R$ 1.6 bilhões por ano. Dentro desse mesmo território também tem uma comunidade de aproximadamente 600 habitantes com o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da cidade. Algo precisava ser feito para integrar essas pessoas em nossas atividades”, explica o CEO do Fab Lab, Edgar Andrade.
O projeto vencedor do primeiro lugar foi a Estação Livre de Saúde Autônoma (Elsa). O totem, que vai funcionar como uma plataforma de medição de peso, altura, batimentos cardíacos e temperatura, será colocado em um ponto central do Pilar. O objetivo da Elsa é coletar dados da comunidade e encaminhá-los aos três agentes de saúde responsáveis pela área, além de dar mais autonomia aos moradores, que sofrem com a falta de serviços básicos de saúde. O equipamento será autônomo e utilizará tecnologia de voz para guiar os usuários durante o uso.
O web designer Ibson Lima, 31 anos, vive no Pilar desde que nasceu. Para ele, fazer parte do grupo criador da Elsa foi gratificante. “Um dos nossos grandes problemas é que o posto de saúde fica localizado a 800 metros da comunidade. É cansativo para ir andando e muita gente deixa de fazer o acompanhamento por isso. Quando colocamos no papel, vimos que essa era uma solução que impactaria muitas pessoas e podia ser facilmente implementada em outras localidades”, conta.
O equipamento estará conectado à internet e enviará os dados em tempo real para um aplicativo criado pelo grupo. Sua fonte de energia será uma pequena bateria, que poderá ser recarregada com luz solar. “Assim que o morador utilizar o serviço, agentes de saúde receberão estes dados e poderão visualizar qualquer irregularidade, proporcionando maior agilidade ao atendimento”, explica André Carneiro, que atuou no design do projeto e na criação do aplicativo.
Em segundo lugar ficou o projeto Pilar das Conexões, uma plataforma física que promoverá junto aos moradores uma série de atividades integradoras, como cinema de rua, aulas de dança, bingo e acesso à internet. Além de projetores, o totem vai contar com microfones e caixas de som, que poderão ser utilizadas para ouvir música e fazer divulgações.
“Fazendo uma imersão na comunidade, percebemos que todos os problemas convergiam para um ponto: a falta do sentimento de pertencimento ao lugar onde vivem. Com essas atividades, esperamos conectar essas pessoas e resolver alguns problemas ligados a cidadania”, explica o arquiteto Cesar Araújo, integrante da equipe. O intuito é que o conteúdo seja administrado pelos próprios moradores e que as atividades promovidas movimentem a economia da comunidade.
A terceira solução premiada foi a criação de uma Ecohorta suspensa nas varandas dos habitacionais do Pilar. O projeto visa não só a agricultura urbana e a alimentação saudável, como a reutilização da água. “Criamos uma horta inteligente que utilizará a água de lavagens em geral para irrigar o sistema. Junto a ela também haverá um minhocário, que ajudará tanto na saúde do solo como na coleta dos resíduos orgânicos”, explica Rogério Alencar, participante da equipe.
A premiação da maratona foi de R$ 30 mil, divididos de acordo com a colocação de cada uma das três equipes. Depois de selecionados, os vencedores terão três semanas para fabricar o produto final. Após o prazo, no início de Janeiro, as produções serão instaladas na Comunidade do Pilar e passarão um mês sendo avaliadas.