A maioria das 27 pontes e pontilhões do Recife está degradada e precisando, urgentemente, de manutenção. Isso é fato. Mas elas não estão sob risco de desabamento, como fotografias que circularam nas redes sociais nos últimos dias deram a entender. Nesta sexta-feira (7), para evitar alarme entre a população devido à proliferação dessas fotos em grupos do WhatsApp, a Prefeitura do Recife anunciou o início do processo de recuperação de algumas das passagens da capital. As primeiras que passarão por uma reforma são a Ponte do Derby, localizada na área central da cidade e com 68 anos de construção, e a Ponte Motocolombó, em Afogados, na Zona Oeste.
Para a recuperação das duas passagens serão investidos R$ 20,7 milhões. O recurso, segundo explicou o Secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos do Recife, Roberto Gusmão, faz parte de um financiamento que o município conseguiu, após muita negociação, junto à Caixa Econômica Federal (CEF), no valor de R$ 200 milhões. Trata-se do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa), produto lançado pela CEF em 2012 para facilitar e ampliar a concessão de crédito para obras de saneamento ambiental, energia, transporte e logística. Devido à dificuldade enfrentada pela gestão municipal, os trabalhos de recuperação foram sendo adiados. “Não começamos antes porque o município não tinha dinheiro em caixa. Esse recurso é, acreditem o primeiro financiamento que a gestão do prefeito Geraldo Júlio consegue junto ao governo federal desde 2013. E, por coincidência, a primeira parcela, no valor de R$ 66 milhões, saiu nesta sexta-feira”, desabafou o secretário.
O processo de recuperação das Pontes do Derby e Motocolombó, no entanto, ainda enfrentará a licitação pública. O edital da concorrência será lançado na próxima semana e a expectativa é de que dure de 60 a 90 dias, se tudo correr sem atropelos ou questionamentos administrativos e judiciais. “Íamos anunciar o lançamento da licitação na próxima semana, mas resolvemos antecipá-lo devido ao alarde que foi criado com as fotos espalhadas nos grupos de WhatsApp. E não pudemos lançar a licitação sem ter a certeza de que o financiamento sairia. É um processo difícil”, explicou o secretário. A previsão da prefeitura é que, no primeiro trimestre de 2019, outras duas pontes entre as que estão mais comprometidas estruturalmente sejam recuperadas. Uma delas já está definida: é a Ponte da Torre, na Zona Oeste do Recife, e que também teve imagens dos danos circulando nas redes sociais.
O quarto equipamento que terá prioridade no cronograma de recuperação ainda está sendo definido, mas de acordo com Fernandha Batista, diretora de Manutenção do Recife, a gestão está decidindo entre a Antiga Ponte Giratória, que conecta o Cais de Santa Rita ao Bairro do Recife, na área central da cidade, e a Ponte João Paulo II (mais conhecida como Ponte Joana Bezerra), principal conexão do centro expandido com a Zona Sul da capital. “Tudo vai depender do estado em que esses equipamentos estarão quando concluírmos os estudos”, disse.
O professor da Universidade de Pernambuco (UPE) e engenheiro da Empresa de Limpeza e Manutenção Urbana do Recife (Emlurb) Armando Carneiro, responsável pela vistoria das pontes, explicou que tanto a Ponte do Derby como a Ponte Motocolombó sofrem com oxidação das armaduras e destacamento do concreto. “É um trabalho demorado e que poderá levar até dois anos”, explicou. Segundo Roberto Gusmão, a prefeitura está atenta e monitorando todas as pontes e pontilhões da cidade. “Quem olha por baixo de algumas delas pode achar que vão desabar, mas não é assim. De toda forma, estamos atentos e, caso aconteça uma emergência, iremos agir”, garantiu.
Embora o Recife tenha 27 pontes e pontilhões, segundo a prefeitura, nos últimos 50 anos apenas três equipamentos foram totalmente recuperados: a Ponte Paulo Guerra (principal entrada da Zona Sul do Recife), a Ponte Duarte Coelho (um dos mais importantes corredores de ônibus da cidade, no Centro), e a Ponte 6 de Março (mais conhecida como Ponte Velha), no bairro de São José.